Preocupar-se demais em ficar doente aumenta risco de morte, diz estudo
Pessoas que se preocupam demais em estarem doentes, no caso dos hipocondríacos, acabam tendo 84% mais chances de morrerem por doenças
Ironicamente, a obsessão em adoecer ou desenvolver condições de saúde adversas torna as pessoas mais propensas a morrer, isso quando comparado as pessoas comuns, que não se preocupam exageradamente com doenças, conforme descoberto por um novo estudo.
Durante o estudo um fato interessante foi identificado. Dois homens da Suécia, nascidos no mesmo ano, que vivem uma vida semelhante tinham uma diferença gritante. Acontece que um deles – um hipocondríaco diagnosticado – tinha muito mais probabilidade de morrer de uma doença grave do que o outro.
Para chegar a afirmação de que pessoas com preocupação em doenças possuem maior risco de morrer por doença grave, os pesquisadores suecos estudaram diversas pessoas com e sem hipocondria para se chegar nessa conclusão.
A título da informação, uma pessoa hipocondríaca diz respeito a pessoa que possuí obsessão com a ideia de ter um problema médico grave, mas não diagnosticado. A hipocondria geralmente se desenvolve durante a vida adulta.
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Desenvolvimento do estudo
O estudo em questão foi publicado neste mês na revista JAMA Psychiatry e revelou uma descoberta intrigante: pessoas diagnosticadas com hipocondria apresentam uma probabilidade 84% maior de morrer de diversas doenças, especialmente aquelas relacionadas ao coração, sangue, pulmões e até mesmo suicídio, em comparação com aquelas sem o transtorno.
O paradoxo dessa descoberta não passou despercebido pelo pesquisador David Mataix-Cols, que liderou o estudo. Em suas palavras ao The Washington Post, ele expressou a peculiaridade da situação: “Eles se preocupam tanto com a saúde e a morte e, de qualquer maneira, acabam tendo um risco maior de morte.”
Pesquisas anteriores já indicavam que pessoas diagnosticadas com transtornos mentais tendem a ter uma expectativa de vida mais curta do que aquelas sem tais condições. Mataix-Cols, intrigado, decidiu explorar se esse padrão também se aplicava aos hipocondríacos, motivando assim o desenvolvimento desta pesquisa.
O pesquisador, de 52 anos, destacou que muitos hipocondríacos permanecem preocupados mesmo quando os médicos garantem que estão saudáveis, e a busca incessante por informações na internet pode intensificar a ansiedade desses pacientes.
O estudo, baseado em dados do censo sueco e de bancos de dados de saúde de 1997 a 2020, identificou 4.129 pessoas com diagnóstico de hipocondria. Comparadas a um grupo de controle de 10 pessoas sem hipocondria, mas com características semelhantes, os hipocondríacos apresentaram uma média de vida cerca de cinco anos menor.
Além disso, a pesquisa destacou que a hipocondria impacta negativamente na qualidade de vida, com pessoas sem o transtorno sendo mais propensas a terem níveis educacionais mais elevados, estarem casadas e terem uma renda mais alta do que seus pares hipocondríacos.
Mataix-Cols ressaltou que a hipocondria é frequentemente subdiagnosticada, o que pode aumentar ainda mais os riscos de mortalidade quando se consideram casos não identificados. Ele especula que o estresse crônico associado à hipocondria pode levar à automedicação com álcool e drogas, contribuindo para uma vida mais curta. Além disso, alguns pacientes podem evitar procurar ajuda médica por medo de receber diagnósticos graves.
O pesquisador espera aprofundar os estudos sobre a hipocondria, incluindo seu impacto nas realizações acadêmicas e profissionais dos pacientes. No momento, ele destaca a importância de direcionar mais atenção e recursos ao cuidado das pessoas com hipocondria, enfatizando que tratamentos eficazes, como terapia cognitivo-comportamental e medicamentos antidepressivos, estão disponíveis, mas muitas vezes subutilizados.
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