Esse filme quase foi descartado e hoje é o maior clássico de aventura
O cinema está repleto de histórias de filmes que, inicialmente, enfrentaram resistência ou ceticismo, mas que, ao longo do tempo, ganharam reconhecimento e se tornaram clássicos indiscutíveis. Um dos exemplos mais emblemáticos dessa trajetória é o filme “King Kong”, lançado em 1933.
Hoje, considerado um marco no gênero de aventura e fantasia, esse filme quase não foi aceito em sua época. Suas inovações tecnológicas e narrativa ousada enfrentaram forte desconfiança da indústria e até mesmo do público.
A produção de “King Kong” teve início em uma época em que os efeitos especiais eram rudimentares e o cinema ainda se recuperava da Grande Depressão de 1929. Dirigido por Merian C. Cooper e Ernest B. Schoedsack, o filme foi uma aposta arriscada.
O enredo, que girava em torno de um gorila gigante que é levado da selva para Nova York, onde causa destruição, parecia algo muito distante das convenções cinematográficas da época. A ideia de combinar efeitos visuais complexos com uma história de ficção tão inusitada foi vista com ceticismo por muitos críticos e membros da indústria.
Ceticismo e críticas iniciais ao filme
No início, o conceito de “King Kong” era desacreditado. A crítica especializada da época via o projeto com desdém, considerando a ideia de um macaco gigante pouco plausível e sem apelo popular.
Muitos críticos questionaram se o público, em meio às dificuldades econômicas, estaria disposto a assistir a um filme que parecia uma fantasia sem base na realidade.
Além disso, os efeitos especiais, que hoje são considerados inovadores para a época, foram inicialmente tratados com descrença. Willis O’Brien, o responsável pelos efeitos visuais de “King Kong”, utilizou técnicas de stop-motion para dar vida ao gigantesco gorila.
Embora essa tecnologia tenha sido um marco no cinema, muitos críticos acreditavam que o público não aceitaria um filme centrado em uma criatura que não era interpretada por um ator real, mas sim por um modelo animado.
A desconfiança era tanta que algumas previsões diziam que o filme seria um fracasso de bilheteria.
A reação do público
Quando “King Kong” foi finalmente lançado em março de 1933, ele enfrentou um período inicial de aceitação morna, com parte da audiência hesitando em dar crédito à obra.
No entanto, o impacto do filme logo começou a se espalhar. Apesar das dúvidas da crítica, o público, particularmente o mais jovem, foi arrebatado pela combinação inédita de aventura, romance e terror. As cenas de Kong enfrentando dinossauros na Ilha da Caveira e escalando o Empire State Building foram algo nunca visto antes no cinema.
A bilheteria começou a surpreender, e o boca a boca logo elevou “King Kong” ao status de um fenômeno.
O sucesso inesperado foi tanto que o filme foi relançado diversas vezes nos anos seguintes, garantindo uma vida longa e próspera nas telas. Isso permitiu que os críticos também revissem suas opiniões e passassem a reconhecer o valor artístico e técnico do filme.
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Uma nova percepção crítica ao filme
Com o tempo, “King Kong” passou a ser visto não apenas como um filme de aventura, mas como uma obra inovadora que marcou uma nova era no uso de efeitos especiais no cinema.
O trabalho de Willis O’Brien com o stop-motion abriu portas para gerações futuras de cineastas, e o filme em si estabeleceu novos padrões para o gênero de ficção e aventura.
Além disso, a narrativa envolvendo a tragédia de Kong, um monstro que é arrancado de sua casa e levado à destruição por conta da ambição humana, passou a ser reconhecida como uma metáfora poderosa sobre os perigos da exploração e do colonialismo.
A redescoberta de “King Kong” não foi apenas crítica, mas também acadêmica. Com o avanço dos estudos cinematográficos, o filme passou a ser analisado em um contexto mais amplo, sendo reconhecido como um exemplo precoce de como o cinema pode transcender barreiras tecnológicas e contar histórias que mexem com as emoções humanas mais profundas.
O legado duradouro
Hoje, “King Kong” é considerado um dos maiores clássicos da história do cinema, e sua influência pode ser vista em diversas obras que vieram depois. O filme ganhou várias refilmagens, sendo a mais famosa a versão de 2005, dirigida por Peter Jackson, que também dirigiu a trilogia “O Senhor dos Anéis”.
Apesar dos avanços tecnológicos, o charme do “King Kong” original ainda é incomparável, em grande parte pelo pioneirismo da obra em uma época de limitações técnicas.
Merian C. Cooper, que inicialmente enfrentou críticas severas e descrença, foi posteriormente celebrado como um visionário. O filme, que quase foi descartado pela indústria, hoje é uma referência não apenas no gênero de aventura, mas na própria história do cinema. “King Kong” não é apenas uma aventura visual; é um lembrete poderoso de que a inovação e a ousadia artística podem vencer até mesmo as mais fortes resistências.
Assim, o que começou como uma ideia rejeitada e desacreditada se tornou um ícone cultural. “King Kong” prova que, no cinema, os maiores clássicos muitas vezes surgem daqueles projetos que inicialmente parecem condenados ao fracasso.
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