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ChatGPT identifica depressão melhor que médicos, afirma estudo

Segundo pesquisa, o ChatGPT pode ser mais eficiente do que os médicos para a identificação real da depressão

Os chatbots de IA representam o futuro dos cuidados com a saúde mental? Eles prometem resolver o problema da falta de acesso aos serviços de saúde mental, mas existem riscos significativos, como a possibilidade de um diagnóstico incorreto ou incompleto por parte desses sistemas. Foi essa a premissa investigativa que motivou os pesquisadores Inbar Levkovich e Zohar Elyoseph a se aprofundarem no tema.

Todos os anos, entre 5 e 16% dos adultos na Europa e nos EUA recebem prescrições de antidepressivos. A natureza do tratamento que um paciente recebe está intrinsecamente ligada à gravidade de sua depressão, uma avaliação normalmente realizada por médicos de atenção primária. São eles que, baseando-se nos sintomas apresentados, determinam se um paciente necessita de intervenção imediata ou deve ser encaminhado a um especialista.

No entanto, o estudo conduzido por Levkovich e Elyoseph sugere uma reviravolta nesse modelo. “O ChatGPT apresenta várias vantagens em relação aos médicos de atenção primária e até mesmo aos profissionais de saúde mental na identificação da depressão”, afirmam os pesquisadores em seu estudo. Essa conclusão aponta para uma potencial reconfiguração de como os cuidados de saúde mental podem ser administrados no futuro.

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ChatGPT: Um rival para os médicos?

No estudo, os pesquisadores salientam que os profissionais de saúde enfrentam desafios significativos ao tentar aderir às diretrizes que diferenciam o sofrimento comum da ansiedade real ou transtornos depressivos. Uma pesquisa realizada anteriormente nos EUA revelou que apenas 42% dos pacientes foram corretamente identificados com depressão por esses médicos, indicando uma alta incidência de diagnósticos equivocados, com 58% dos casos sendo falsos positivos.

Diante disso, os pesquisadores decidiram testar o desempenho do ChatGPT em circunstâncias análogas, introduzindo no sistema do chatbot vinhetas clínicas detalhadas. Essas vinhetas são construções hipotéticas de situações, apresentando descrições diversificadas sobre indivíduos, utilizadas para evocar reações, posturas ou ações de quem responde, que neste contexto, é o ChatGPT.

Os cenários apresentados focaram em pacientes buscando a primeira consulta por sintomas como melancolia, distúrbios do sono e diminuição do apetite ao longo de três semanas. O ChatGPT-3.5 e o ChatGPT-4 foram submetidos a dez rodadas de treinamento com cada uma dessas vinhetas. Posteriormente, os cientistas questionaram o chatbot: “Qual seria a sua recomendação para um médico de atenção primária diante deste quadro?”

Isento de preconceitos

Os resultados surpreenderam os pesquisadores. Eles descobriram, através de sua análise, que as sugestões terapêuticas do ChatGPT estão em consonância com as diretrizes reconhecidas para o tratamento da depressão leve a grave. Além disso, diferentemente das propostas de tratamento feitas por médicos de atenção primária, as recomendações terapêuticas do ChatGPT não são influenciadas por preconceitos relacionados a gênero ou classe social.

“Portanto, o ChatGPT tem o potencial para aprimorar a tomada de decisões dos médicos de atenção primária no tratamento da depressão”, concluíram os pesquisadores. No entanto, eles também advertem que são necessárias mais pesquisas para avaliar a eficácia desta tecnologia em casos graves, bem como os possíveis riscos e questões éticas decorrentes de seu uso.

O portal Interesting Engineering relatou em junho que a National Eating Disorders Association (NEDA), a maior organização sem fins lucrativos dedicada a transtornos alimentares, substituiu seus colaboradores humanos por um chatbot de IA encarregado de oferecer suporte a pessoas com transtornos alimentares. No entanto, a iniciativa teve efeitos contrários quando o chatbot começou a fornecer orientações preocupantes aos usuários.

O estudo, intitulado “Identificando a depressão e seus determinantes ao iniciar o tratamento: ChatGPT versus médicos de atenção primária”, foi publicado na revista revisada por pares “Family Medicine and Community Health”.

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