Cientistas confirmam existência de “terceiro estado” além da vida e da morte
O surgimento de novas formas de vida multicelulares introduzem um "terceiro estado" além dos limites de vida e morte.
Existe quase que um consenso de que existem apenas dois estados possíveis para seres vivos, sendo eles a vida e a morte, certo? Errado! Isso porque os cientistas estabeleceram a existência de um “terceiro estado” que vai além desses dois limites.
Normalmente, o entendimento sobre a morte é que ela é compreendida quando um organismo, cessa irreversivelmente de funcionar como o todo. E, ainda, sim, práticas como doação de órgãos mostram que órgãos e tecidos celulares podem continuar a funcionar mesmo depois que o resto de um organismo pare de funcionar.
Dessa maneira, cientistas, têm explorado a questão de como certas células podem continuar a funcionar mesmo após a morte de um organismo, onde, através de um recente estudo, uma equipe de cientistas detalhou como certas células, quando recebem estimulo necessário tem a capacidade de “se transformar em organismos multicelulares com novas funções após a morte”.
Terceiro estado além da vida e a morte
Segundo dois dos principais responsáveis pelo estudo, o cientista Alexander Pozhitkov e Pete A. Noble, o terceiro estado é algo que desafia completamente a forma como os cientistas entendem o comportamento celular.
Em um artigo para o The Conversation, eles observam que: “Embora lagartas se metamorfoseando em borboletas, ou girinos evoluindo para sapos, possam ser transformações de desenvolvimento familiares, há poucos casos em que os organismos mudam de maneiras que não são predeterminadas.”
Na realidade, a principal característica dessas novas células do “terceiro estado” é que elas conseguem desenvolver novas funções. Por exemplo, os cientistas identificaram que células da pele extraídas de embriões de sapos mortos, são totalmente capazes de se adaptar às novas condições de uma placa de Petri em laboratório — reorganizando-se espontaneamente em organismos multicelulares intitulados como xenobots.
“Esses organismos exibiram comportamentos que vão muito além de seus papéis biológicos originais”, pontuaram os pesquisadores.
“Especificamente, esses xenobots usam seus cílios — pequenas estruturas semelhantes a pelos — para navegar e se mover pelos arredores, enquanto em um embrião de sapo vivo, os cílios são normalmente usados para mover o muco.”
Outro fato interessante é que os xenobots também possuem a capacidade de replicar fisicamente a estrutura e função sem necessariamente crescer. Algo que é bem diferente dos processos de replicação mais comuns que envolvem o crescimento dentro ou sobre o corpo do organismo.
Os pesquisadores observaram também que células isoladas dos pulmões humanos possuem a capacidade de organizar-se espontaneamente em pequenos organismos multicelulares, capazes de se mover e apresentar comportamentos e estruturas inovadoras.
Esses organismos não apenas conseguem se locomover em seu ambiente, assim como possuem a capacidade de se regenerar e rapar células neuronais danificas colocadas nas proximidades.
“Juntas, essas descobertas demonstram a plasticidade inerente dos sistemas celulares e desafiam a ideia de que células e organismos podem evoluir apenas de maneiras predeterminadas”, concluem Noble e Pozhitkov.
“O terceiro estado sugere que a morte do organismo pode desempenhar um papel significativo na forma como a vida se transforma ao longo do tempo.”
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O “terceiro estado” na ciência e medicina
Para os pesquisadores, o terceiro estado não apenas oferece novos insights sobre a adaptabilidade das células, como também oferecem novas perspectivas para tratamentos.
“Por exemplo, os antrobots poderiam ser obtidos a partir do tecido vivo de um indivíduo para administrar medicamentos sem desencadear uma resposta imunológica indesejada.”
“Importante”, eles continuam: “Esses organismos multicelulares têm uma vida útil finita, degradando-se naturalmente após quatro a seis semanas. Esse ‘interruptor de eliminação’ previne o crescimento de células potencialmente invasivas.”
Para finalizar, o mais emocionante para os cientistas é que “Uma melhor compreensão de como algumas células continuam a funcionar e se metamorfoseiam em entidades multicelulares algum tempo após a morte de um organismo é promissora para o avanço da medicina personalizada e preventiva.”
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