Cultura POP

“Escute com uma vela acesa e você verá seu futuro”: o disco mais misterioso do Rock

O rock n’ roll talvez seja o estilo musical mais envolto em mistério que existe até hoje no planeta Terra. Todo esse misticismo, somado ao espírito de liberdade e originalidade que ele evoca são marcas registradas e cativantes, as quais despertam atenção dos novos e antigos fãs.

A popularidade do rock foi tão grande que ele dominou o cinema mundial por décadas, resultando em diversas obras incríveis, até mesmo para quem gosta de outros estilos musicais.

Nesse sentido, podemos destacar um filme emblemático dos anos 2000, chamado “Almost Famous” ou apenas “Quase Famosos” (na tradução).

O disco de rock capaz de revelar seu futuro

Em uma das cenas mais famosas e destacadas do filme, a irmã do protagonista William Miller deixa uma mensagem para ele. A mensagem escrita em um pedaço de folha de caderno pautado dizia: “Escute com uma vela acesa e você verá seu futuro”.

Cena do filme Almost Famous com a frase “escute com uma vela acesa e você verá seu futuro” – reprodução.

Na cena, a garota está deixando seu lar para se aventurar ao lado do namorado rumo a liberdade. Ela era fã de rock e permitiu o legado do estilo ao seu irmão, que mais tarde viveria uma grande aventura por conta disso, mas faleremos do filme mais tarde.

A pergunta que fica agora é, qual é o disco de rock que pode prever o futuro se for ouvido acompanhado de uma vela acesa?

A grande obra chamada Tommy

A mensagem deixada pela irmã de William acompanhava o disco Tommy, o quarto trabalho de estúdio e a segundo ópera rock produzida pela banda britânica The Who.

“Tommy” foi lançado em 1969 e é um marco na história do rock. O álbum duplo conta a história de Tommy Walker, um menino surdo, mudo e cego que se torna um mestre do pinball e uma figura messiânica para muitos. Logo, as letras e melodias fogem um pouco ao que se espera do tradicional rock dos anos 50 e 60.

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Com 24 faixas, incluindo clássicos como “Pinball Wizard”, “The Acid Queen”, “I’m Free” e “We’re Not Gonna Take It”, “Tommy” combina rock, psicodelia e narrativa teatral. Cada canção contribui para a narrativa épica da vida de Tommy, abordando temas de trauma, redenção e espiritualidade. Isso já diz muito a respeito da lenda de ouvir acompanhado de uma vela acesa, certo?

Curiosidades notáveis a respeito do disco incluem o fato de que Pete Townshend, o principal compositor, se inspirou em sua própria busca espiritual e nas obras de Meher Baba. A adaptação para o cinema em 1975, dirigida por Ken Russell, contou com estrelas como Elton John e Tina Turner, solidificando ainda mais o impacto cultural de “Tommy”.

“Tommy” não só solidificou The Who como inovadores do rock, mas também abriu caminho para futuras explorações conceituais na música popular. Lembre-se de que o rock n’ roll também era um estilo popular entre os jovens e se manteve assim até o início deste século.

Claro que escutar o disco com uma vela acesa não mostrará o futuro de ninguém, mas a lenda certamente ajudou a vender muitas cópias e torná-lo um exemplar verdadeiramente raro. Aliás, eu já o escutei algumas vezes e posso afirmar que experiência soa como transcendental em diversos momentos.

Quase famosos, se gosta de rock, veja. Se não gosta, veja também

“Quase Famosos” é um filme icônico de 2000, dirigido por Cameron Crowe, que nos transporta para o coração da cena do rock dos anos 70. A história é uma autobiografia ficcional inspirada nas experiências do próprio Crowe como jornalista adolescente para a revista Rolling Stone.

Cena de Almost Famous – foto: reprodução.

O filme segue William Miller, interpretado por Patrick Fugit, um jovem de 15 anos apaixonado por música que consegue a oportunidade dos seus sonhos: acompanhar a banda de rock fictícia Stillwater em sua turnê, para escrever uma matéria para a Rolling Stone.

Ao longo da jornada, William enfrenta os desafios de crescer, equilibrar sua ética jornalística e se envolver nas complexidades emocionais e artísticas dos músicos e do estilo de vida rock’n’roll.

Com uma mistura de humor, drama e uma profunda exploração da paixão pela música, “Quase Famosos” é um tributo sincero ao espírito do rock dos anos 70 e à jornada de autodescoberta. Vale bastante a pena assistir, por possuir uma pegada envolvente do início ao fim.

Rodrigo Peronti

Jornalista, especializado em Semiótica. Já atuou em grandes veículos de comunicação do país.

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