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Estudo revela o que seu filme favorito diz sobre seu cérebro

Um estudo inovador realizado pela Universidade Martin Luther de Halle-Wittenberg (MLU), na Alemanha, revelou que as preferências de gênero cinematográfico de uma pessoa podem influenciar significativamente a forma como o cérebro processa emoções.

A pesquisa, publicada na revista Frontiers in Behavioral Neuroscience, analisou a atividade cerebral de mais de 260 participantes. Ela buscou entender como o cérebro reage a diferentes estímulos emocionais com base nos gêneros de filmes preferidos.

O estudo sugere que as escolhas de filmes não apenas refletem o gosto individual, mas também podem fornecer pistas sobre o processamento emocional e a ativação de áreas específicas do cérebro.

De acordo com os pesquisadores, as reações variam amplamente entre os fãs de diferentes gêneros, destacando como os filmes podem ativar áreas cerebrais ligadas à recompensa, ao medo e à satisfação emocional.

Veja o que o gênero de filme que você mais ama faz com o processamento do cérebro no que diz respeito às emoções.
Filme favorito / Imagem Freepik

Metodologia e análise do estudo

Para realizar a pesquisa, os participantes foram convidados a selecionar seus dois gêneros de filmes favoritos entre oito categorias: ação, crime/suspense, terror, drama, romance, comédia, documentário e ficção científica/fantasia.

As combinações mais populares foram comédia/ação e suspense/documentário. Em seguida, os pesquisadores analisaram como essas preferências influenciavam as reações cerebrais a estímulos emocionais, utilizando técnicas avançadas de ressonância magnética funcional (fMRI) para monitorar a atividade cerebral.

O experimento expôs os participantes a imagens de rostos expressando emoções como medo e raiva, além de formas geométricas, enquanto suas atividades cerebrais eram medidas. Com isso, a equipe pôde observar como o cérebro processa essas emoções com base nas preferências de gênero cinematográfico.

Reações a estímulos emocionais no cérebro

Os resultados foram reveladores. Fãs de filmes de ação e comédia apresentaram reações mais intensas a estímulos emocionais negativos, como medo e raiva. Essa descoberta foi surpreendente, considerando que os filmes de ação costumam apresentar muitos estímulos intensos.

O esperado seria que esses espectadores fossem menos reativos a esse tipo de emoção, mas o estudo demonstrou o contrário. Os indivíduos que preferem ação parecem ser particularmente sensíveis a esses estímulos emocionais, o que pode indicar que eles consideram essa excitação gratificante.

Por outro lado, aqueles que têm preferência por documentários e filmes de crime/suspense demonstraram respostas emocionais mais moderadas.

A menor intensidade das reações sugere que esses indivíduos tendem a buscar um engajamento cognitivo mais do que uma resposta emocional direta. Resolver mistérios ou lidar com situações de suspense parece ativar mais o cérebro dessas pessoas, sem a necessidade de uma estimulação emocional intensa.

Áreas do cérebro mais ativas durante a visualização de filmes

Para compreender melhor essas reações, os pesquisadores concentraram-se em duas áreas-chave do cérebro: a amígdala e o núcleo accumbens.

A amígdala está diretamente relacionada ao processamento de emoções vitais, como a reação de luta ou fuga, enquanto o núcleo accumbens é o centro de recompensa do cérebro, associado à sensação de prazer e gratificação.

Fãs de filmes de ação

Os fãs de filmes de ação demonstraram uma ativação particularmente alta nessas duas áreas. A amígdala, responsável pela resposta emocional, foi fortemente estimulada por imagens com emoções intensas.

Já o núcleo accumbens mostrou uma ativação elevada, sugerindo que esses indivíduos não apenas processam emoções de maneira intensa, mas também sentem uma forte recompensa emocional ao fazer isso. Essa combinação pode explicar por que filmes de ação são tão atraentes para essas pessoas.

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Fãs de comédias

Curiosamente, os fãs de comédias apresentaram resultados semelhantes aos dos fãs de ação. As vias de recompensa cerebral também foram fortemente ativadas, indicando que esse grupo aprecia a satisfação emocional proporcionada por estímulos engraçados ou leves.

A comédia, portanto, parece evocar uma resposta emocional gratificante, o que pode explicar sua popularidade como um gênero relaxante e agradável.

Fãs de crime, suspense e documentários

Em contrapartida, aqueles que preferem gêneros mais intelectualmente estimulantes, como crime, suspense e documentários, mostraram uma ativação cerebral menos intensa em resposta a estímulos emocionais.

A amígdala desses participantes foi menos ativada, o que sugere uma menor reatividade emocional a imagens de medo ou raiva. Já o núcleo accumbens também mostrou uma resposta menos intensa, indicando que esses indivíduos podem obter mais satisfação ao resolver mistérios e desafios intelectuais do que ao vivenciar emoções intensas.

Esses resultados reforçam a ideia de que o cérebro humano busca estímulos de acordo com o tipo de gratificação que mais o satisfaz. Enquanto alguns preferem emoções fortes e recompensas imediatas, outros se sentem mais estimulados por desafios cognitivos e pela resolução de enigmas complexos.

Conclusões e implicações do estudo

O estudo da Universidade Martin Luther de Halle-Wittenberg destaca a complexidade das preferências cinematográficas e como elas estão profundamente ligadas à forma como o cérebro processa emoções.

Fãs de diferentes gêneros de filmes demonstram variações significativas em suas respostas emocionais e cognitivas, com implicações que podem ir além do entretenimento, afetando também o modo como esses indivíduos interagem com o mundo ao seu redor.

Segundo Esther Zwiky, psicóloga responsável pela pesquisa, “os filmes são fascinantes porque retratam todas as emoções humanas, ao mesmo tempo em que as evocam. Parece que as pessoas escolhem os gêneros que melhor correspondem à maneira como seus cérebros processam estímulos emocionais e cognitivos.”

Esse estudo abre novas portas para a compreensão de como as preferências de entretenimento refletem a biologia cerebral e sugere que as escolhas cinematográficas podem ser uma janela para entender como cada pessoa lida com emoções e recompensas.

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