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Léa Garcia que viveu a vilã da 1ª versão de Escrava Isaura morre aos 90 anos

Léa Garcia consolidou uma carreira de papéis marcantes como Rosa, de Escrava Isaura, novela de Gilberto Braga, baseada no romance de Bernardo Guimarães

A atriz Léa Garcia morreu na madrugada desta terça-feira (15).  Ela seria homenageada com o Troféu Oscarito durante a 51ª edição do Festival de Cinema de Gramado, na Serra do Rio Grande do Sul, onde estava para receber a homenagem.

Léa chegou a ser encaminhada para o Hospital Arcanjo São Miguel, mas chegou sem vida. No perfil oficial da artista foi feita uma publicação anunciando sua morte.

De acordo com a organização do Festival de Cinema de Gramado, possíveis alterações na programação serão anunciadas em breve. 

Na nota publicada pelo Festival, foi feita uma homenagem à atriz. “Léa Garcia possuía uma história antiga com Gramado, conquistando quatro Kikitos”. Veja o texto completo:

É com imenso pesar que a organização do Festival de Cinema de Gramado informa que a atriz Léa Garcia faleceu na madrugada de hoje (15), no hotel que estava hospedada em Gramado. A atriz receberia o troféu Oscarito na noite de hoje, ao lado de Laura Cardoso. De acordo com o Hospital Arcanjo São Miguel, a causa da morte foi um infarto agudo do miocárdio.

Dona Léa Garcia havia chegado a Gramado no último sábado (12) acompanhada do filho, Marcelo Garcia. A atriz circulava diariamente pelo evento, onde acompanhou diversas sessões no Palácio dos Festivais. Em uma de suas passagens pelo tapete vermelho, a atriz afirmou ao portal Acontece Gramado ter “um enorme prazer em estar mais uma vez em Gramado. Esse calor, essa receptividade com a qual a cidade nos recebe. Aqui tem um leve sabor de chocolate no ar. Obrigado a todos que fazem o festival, que participam e que concorrem. Aqui me sinto sempre prestigiada”.

Léa Lucas Garcia de Aguiar, nasceu no Rio de Janeiro, no dia 11 de março de 1933. Tornou-se atriz em um momento da história em que esse não era um trabalho comum para mulheres negras. Filha de Stela Lucas Garcia e José dos Santos Garcia, passou a morar com sua avó aos 11 anos, quando sua mãe morreu. Desde jovem, demonstrou o desejo de se envolver com o universo artístico, mas em outro campo. Queria cursar Letras para ser escritora.

Porém, o destino queria que ela fosse uma atriz de sucesso!

Tudo mudou quando ela conheceu Abdias Nascimento, com quem teve dois filhos, Henrique Christovão Garcia do Nascimento e Abdias do Nascimento Filho. 

O dramaturgo e ativista apresentou a ela a sua estante de livros e sugeriu a leitura das tragédias gregas. 

Depois, a convenceu a subir no palco pela primeira vez, na peça Rapsódia Negra (1952), do próprio Abdias, encenada pelo Teatro Experimental do Negro. 

A partir de então, a paixão pelas artes cênicas se impôs. Mais tarde teve seu terceiro filho, Marcelo Garcia de Aguiar, conhecido como Marcelão Garcia (1965), com Armando Aguiar.

Trabalhando em teatro, TV e cinema, Léa Garcia consolidou uma carreira de papéis marcantes como Rosa, de Escrava Isaura, novela de Gilberto Braga, baseada no romance de Bernardo Guimarães, que a tornou conhecida do público, e venceu a barreira dos personagens tradicionalmente destinados a atrizes negras. Tornou-se, assim, uma referência para jovens atores e admirada pela qualidade de suas atuações.

A vilã de Escrava Isaura

A personagem Rosa da novela “Escrava Isaura”, foi a primeira vilã interpretada por Léa Garcia. Muitas cenas intensas entre Léa Garcia e Lucélia Santos, que vivia Isaura, chegaram a emocionar Léa.

“Escrava Isaura é o meu cartão de visitas. Tive muitas dificuldades em fazer cenas de maldade com a Lucélia Santos. Eu me lembro de uma cena em que, quando a Rosa acabou de fazer todas as perversidades com a Isaura, eu tive uma crise de choro, me pegou muito forte. Chorei muito, não com pena, mas porque me tocou.”

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Outros trabalhos na TV

Fugindo dos personagens convencionais, Léa Garcia foi a Leila da novela Marina (1980), de Wilson Aguiar Filho. Na trama, ela vive uma professora de história de um colégio caro,  em São Paulo. A personagem passa por momentos difíceis ao ver sua filha sofrer preconceitos.

A atriz também trabalhou na extinta TV Manchete, onde fez duas novelas na emissora: Dona Beija (1986), de Wilson Aguiar Filho, e Helena (1987), de Mario Prata.

Em 1988, volta a trabalhar na TV Globo, atuando na minissérie Abolição, de Wilson Aguiar Filho, realizada em homenagem ao centenário da abolição da escravatura.

Também integrou o elenco da minissérie Agosto (1993), de Jorge Furtado e Giba Assis Brasil, que se passa durante a crise do governo Vargas. Na trama, Léa Garcia viveu Sebastiana, uma mulher que não se dá conta da dimensão do momento político nem do que acontece em volta dela.

O trabalho seguinte foi A Viagem, em 1994, de Ivani Ribeiro, em que seu personagem era responsável por explicar à protagonista, vivida por Christiane Torloni, que ela tinha morrido. 

Depois, a atriz volta a trabalhar na TV Manchete, onde atuou nas novelas Tocaia Grande (1995), de Duca Rachid, Mário Teixeira e Marcos Lazarini, e em Xica da Silva (1996), de Walcyr Carrasco. Nesta última, foi uma mulher de 150 anos que aparece em cima de uma pedreira, depois num ritual de magia negra. Para viver o personagem, precisou passar o dia inteiro com colágeno. 

Léa Garcia também foi contratada da TV Bandeirantes, onde participou da novela O Campeão (1996), de Mário Prata e Ricardo Linhares.

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