Médicos têm medido a pressão arterial de forma errada, e isso pode mudar tudo
Se você possuí pressão alta precisa se atentar a esse novo estudo, assim como profissionais da saúde, em especial os médicos
Se você possuí pressão alta vai se interessar por esta descoberta importante. Pesquisadores associados à American Heart Association, recentemente divulgaram os resultados de um estudo abrangendo quase três décadas de investigação sobre a hipertensão. Este estudo revelou que médicos podem não detectar certas complicações de saúde caso não realizem medições deitados com seus pacientes, em adição às medições tradicionais realizadas quando os pacientes estão sentados.
Geralmente, a pressão arterial é medida apenas quando os pacientes estão sentados na vertical. No entanto, os médicos agora defendem que a prática de realizar duas leituras precisa se tornar comum, diante as variações.
Conforme explicou o principal autor do estudo, Duc M. Giao, um pesquisador e estudante de medicina do quarto ano na Harvard Medical School em seu comunicado: “Se a pressão arterial for medida apenas enquanto as pessoas estão sentadas na posição vertical, o risco de doenças cardiovasculares pode ser ignorado se não for medido também enquanto elas estão deitadas de costas, em posição supina.”
Pessoas submetidas à medição da pressão arterial enquanto estavam deitadas revelaram riscos elevados de sofrerem ataques cardíacos, acidentes vasculares cerebrais, insuficiência cardíaca e morte prematura. É importante destacar que o tipo de medicamentos usados para controlar a pressão arterial não apresentou impacto significativo nos riscos cardiovasculares, de acordo com os resultados do estudo.
O sistema nervoso autônomo é responsável por regular a pressão arterial, mas a força da gravidade pode causar acúmulo de sangue quando uma pessoa está na posição vertical ou sentada. Em contrapartida, o corpo por vezes enfrenta dificuldades para regular a pressão arterial quando a pessoa está deitada, sentada ou em pé.
Duc M. Giao, o principal autor do estudo, acrescenta: “Nossas descobertas sugerem que pessoas com fatores de risco já conhecidos para doenças cardíacas e derrames podem obter benefícios ao medir a pressão arterial enquanto estão deitadas de costas”.
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Desenvolvimento do estudo
A primeira fase deste estudo teve início em 1987 e prosseguiu até 1989. Nesse período, foram avaliados 15.972 adultos residentes nos Estados Unidos, submetendo-os à medição da pressão arterial tanto na posição deitada quanto na posição sentada. Vale destacar a diversidade dos participantes, sendo que mais da metade deles (56%) eram mulheres e 25% eram afro-americanos.
As medições da pressão arterial foram realizadas em clínicas localizadas tanto em áreas urbanas quanto rurais. A saúde desses participantes foi acompanhada ao longo de um período médio de 25 a 28 anos, sendo que os dados mais recentes foram coletados entre 2011 e 2013.
Os resultados revelaram que 16% dos participantes não apresentavam pressão alta (leitura superior a 130/80 mm Hg) quando sentados, porém, mostraram pressão alta quando a medição foi realizada com eles deitados de costas.
Aqueles que apresentaram pressão alta tanto na posição sentada quanto deitada apresentaram um risco 1,6 vezes maior de desenvolver insuficiência cardíaca futuramente, um risco 1,86 vezes maior de sofrer um acidente vascular cerebral, um risco 1,43 vezes maior de morte prematura e um risco 2,18 vezes maior de doença coronariana. Indivíduos que exibiram pressão alta apenas quando deitados também apresentaram riscos semelhantes.
O autor principal do estudo, Duc M. Giao, comenta: “Nossas descobertas sugerem que pessoas com fatores de risco já conhecidos para doenças cardíacas e derrames podem se beneficiar da verificação da pressão arterial enquanto estão deitadas de costas. Os esforços para controlar a pressão arterial durante a vida diária podem ajudar a reduzir a pressão arterial durante o sono. Pesquisas futuras devem comparar as medições da pressão arterial na posição deitada em um ambiente clínico com as medições realizadas durante a noite”.
É importante mencionar que este estudo teve como foco apenas adultos de meia-idade, com uma idade média de 54 anos quando a pressão arterial foi medida. Portanto, os resultados podem variar em populações mais idosas. As descobertas da pesquisa foram apresentadas durante as sessões científicas de hipertensão de 2023 da American Heart Association.
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