Chamadas

O que acontecerá em 26 anos no Brasil; ninguém aguentará viver aqui

Nos últimos dias, uma notícia viral sobre o Brasil se tornar “inabitável” em 50 anos devido ao calor extremo circulou nas redes sociais. Esta afirmação faz referência a um estudo da Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço dos Estados Unidos (NASA), mas a interpretação precisa de mais nuances.

O artigo original, publicado pela equipe editorial científica da NASA em 2022, e intitulado “Too Hot to Handle: How Climate Change May Make Some Places Too Hot to Live,” não foca especificamente no Brasil.

O que acontecerá no Brasil / Imagem Freepik

Entendendo o conceito de temperatura do bulbo úmido

O estudo da NASA baseia-se em uma pesquisa anterior de 2020, conduzida por Colin Raymond do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, intitulada “The Emergence of Heat and Humidity Too Severe for Human Tolerance.”

Esse estudo explora o aumento das temperaturas globais e da umidade, prevendo que algumas regiões podem exceder os 35 °C de temperatura do bulbo úmido.

Esse índice combina temperatura e umidade para avaliar o estresse térmico no corpo humano. Quando a temperatura do bulbo úmido ultrapassa 35 °C, o corpo humano não consegue se resfriar, mesmo com suor, levando a sérios riscos de saúde.

O que dizem os especialistas sobre o Brasil?

Karina Bruno Lima, doutoranda em Climatologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), no Brasil. explica que a regulação da temperatura corporal depende da evaporação do suor, processo dificultado em ambientes muito úmidos. “Quando a temperatura do bulbo úmido é alta, o corpo não consegue se resfriar adequadamente, aumentando o risco de desidratação e problemas cardíacos,” comenta Lima.

Essas condições podem ser fatais, destacando a importância de monitorar e mitigar esses efeitos. As informações são do portal Terra.

Colin Raymond, autor do estudo de 2020, enfatiza que temperaturas do bulbo úmido superiores a 35 °C são insustentáveis para a sobrevivência humana. Ele ressalta que, embora raros, esses eventos extremos estão se tornando mais frequentes devido às mudanças climáticas.

“Nenhuma quantidade de suor pode baixar a temperatura corporal para níveis seguros quando o bulbo úmido excede 35 °C,” destaca Raymond.

E o Brasil, como se encaixa nesse cenário?

Embora o estudo inicial de Raymond não mencione especificamente o Brasil, a análise da NASA de 2022 inclui o país como uma das regiões vulneráveis. Segundo o artigo, áreas como o sul da Ásia, Golfo Pérsico e Mar Vermelho enfrentarão riscos até 2050, com o leste da China, partes do sudeste da Ásia e o Brasil entrando nessa categoria até 2070.

Andrea Ramos, meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), esclarece que essas previsões são baseadas em cenários projetados a partir de dados observacionais e experiências. “Embora estejamos vendo um aumento nos eventos climáticos extremos, é necessário cautela ao prever datas específicas,” alerta Ramos.

Você deve saber também:

O planeta está aquecendo / soluções

No último domingo, 21 de julho, o planeta registrou seu dia mais quente na história recente. Dados do Serviço de Mudança Climática Copernicus (C3S), observatório climático europeu, revelaram que a temperatura média global diária alcançou 17,09 °C, superando os 17,08 °C de 6 de julho de 2023. Este marco sublinha a tendência de aquecimento global, impulsionada por atividades humanas como a queima de combustíveis fósseis e emissões de gases de efeito estufa.

Karina Bruno Lima aponta que estabilizar o aquecimento global é possível, mas requer ações rápidas e efetivas para reduzir emissões de CO2. “Precisamos atingir zero emissões líquidas de CO2 para estabilizar o aquecimento,” afirma Lima. Ela destaca que o cumprimento das metas do Acordo de Paris é crucial para limitar o aquecimento a níveis gerenciáveis.

A perspectiva de o Brasil se tornar “inabitável” devido ao calor em 50 anos é uma interpretação alarmista que simplifica um cenário complexo. As mudanças climáticas representam um desafio significativo, mas com ações globais coordenadas e tecnologia avançada, é possível mitigar os impactos mais severos.

A pesquisa destaca a importância de preparar-se para enfrentar os desafios climáticos futuros, adotando medidas que promovam a sustentabilidade e a resiliência ambiental.

Este artigo foi elaborado com base em estudos científicos confiáveis e visa fornecer uma visão clara e precisa sobre os possíveis impactos das mudanças climáticas no Brasil e no mundo. Manter-se informado e agir com responsabilidade são passos fundamentais para enfrentar os desafios do futuro.

Rodrigo Peronti

Jornalista, especializado em Semiótica. Já atuou em grandes veículos de comunicação do país.

Postagens recentes

12 nomes proibidos de serem registrados ao redor do mundo

No Brasil, é muito comum encontrarmos pessoas com nomes peculiares, quem nunca viu uma matéria…

3 semanas atrás

50 nomes muito estranhos já registrados em cartórios do Brasil

O Brasil é reconhecido pela criatividade em diversas áreas, seja na música, no futebol, no…

3 semanas atrás

5 empregos remotos de atendimento ao cliente para trabalhar de casa

Trabalhar com atendimento remoto ao cliente se tornou uma forma comum de atuar de casa…

3 semanas atrás

6 mitos sobre a união estável que muita gente acredita

Nos últimos anos a maneira como os brasileiros escolhem oficializar suas relações mudou bastante e…

4 semanas atrás

Os 7 golpes mais aplicados nos brasileiros em 2025

Viver no Brasil é uma tarefa bem difícil. Em meio a problemas políticos, desigualdade social,…

4 semanas atrás

Quanto tempo um estrangeiro demora para aprender português?

Você já se perguntou quanto tempo leva um estrangeiro para falar português? Embora muitos imaginem…

4 semanas atrás