Ao longo dos anos, a diabetes tipo 2 tem sido uma preocupação constante na saúde pública, sobretudo por suas consequências graves quando não tratada adequadamente. Contudo, um recente estudo da Universidade de Cambridge trouxe um um aspecto alarmante: o diagnóstico precoce dessa enfermidade.
A pesquisa demonstra que indivíduos diagnosticados antes dos 30 anos podem ter uma redução na expectativa de vida de até 14 anos, comparados à média populacional. Tal revelação sinaliza a urgência de medidas preventivas, principalmente quando observamos o crescente número de jovens afetados pela doença.
Instituições de renome, como a Universidade de Glasgow, compartilham esse sentimento de alerta, indicando que muitas vidas podem ser drasticamente encurtadas pelo avanço da diabetes em idades mais jovens.
Redução da expectativa de vida
Revelado na renomada revista “The Lancet Diabetes & Endocrinology“, uma investigação recente destaca a urgente necessidade de ações para evitar ou postergar o surgimento da diabetes. A proliferação do diabetes tipo 2 globalmente é consequência direta da crescente obesidade, padrões alimentares inadequados e estilos de vida cada vez mais inativos.
Em 2021, dados estimavam que, globalmente, aproximadamente 537 milhões de adultos conviviam com diabetes. Notavelmente, uma proporção crescente destes diagnósticos está ocorrendo em faixas etárias cada vez mais jovens. Sabidamente, o diabetes tipo 2 é responsável por ampliar os riscos de inúmeras complicações de saúde, como infartos, AVCs, problemas renais e câncer.
Pesquisas antecedentes indicam que os portadores de diabetes tipo 2 tendem a viver, em média, seis anos a menos do que os não-diabéticos. No entanto, a magnitude da redução na longevidade, considerando a idade de diagnóstico, ainda não estava bem delineada.
Para esclarecer essa incógnita, os cientistas avaliaram informações oriundas de dois relevantes estudos internacionais: o Emerging Risk Factors Collaboration e o UK Biobank, que juntos compreendem cerca de 1,5 milhões de indivíduos. A principal conclusão foi a correlação entre a antecipação do diagnóstico da diabetes tipo 2 e a significativa redução na expectativa de vida.
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Quantos mais cedo a detecção maior a queda na longevidade
Em termos práticos, para cada antecipação de 10 anos no diagnóstico, observou-se uma queda de quatro anos na longevidade. Extrapolando com base nos dados dos EUA, a equipe estima que o diagnóstico aos 30, 40 e 50 anos reduz a vida em aproximadamente 14, 10 e seis anos, respectivamente, em contraste com os não-diabéticos. As mulheres apresentaram uma redução ligeiramente mais acentuada.
Os dados europeus corroboram esses achados. Europeus diagnosticados nas mesmas idades tiveram, respectivamente, 19, nove e cinco anos a menos de vida.
“O diabetes tipo 2, antes associado predominantemente a idosos, está surgindo em idades cada vez mais jovens. Como apontado, isso representa uma grave ameaça à longevidade”, afirma o professor Emanuele Di Angelantonio, do Instituto VPD-HLRI, em Cambridge.
Por sua vez, o Dr. Stephen Kaptoge, colega do mesmo instituto, sugere que modificações na estrutura da sociedade são essenciais para evitar a diabetes em adultos. Ele argumenta sobre a necessidade de identificar pessoas em risco, apoiando-as em mudanças comportamentais ou mesmo medicamentos. Além disso, transformações relacionadas à produção alimentar e a incentivos para atividades físicas são vitais.
A equipe concluiu que a principal causa da redução da expectativa de vida em diabéticos está associada a “mortes vasculares” – ataques cardíacos, AVCs e aneurismas, por exemplo. Outros problemas, incluindo câncer, também afetam negativamente a longevidade.
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