A culinária refinada é marcada pela maestria na utilização de temperos diversos. Entretanto, é desconhecido por muitos que alguns destes temperos almejados guardam propriedades que afetam notoriamente nosso cérebro. Historiadores nos contam que, em eras passadas, a palavra “droga” era empregada por portugueses, espanhóis e franceses para descrever as especiarias vindas tanto das Índias Orientais quanto das Ocidentais.
Originado do francês, o termo “droga” evoluiu e, durante a Idade Moderna, passou a denominar componentes utilizados em áreas como tinturaria, química e farmácia, enquanto em sua forma plural, remetia majoritariamente às especiarias. Esses ingredientes exóticos foram cruciais para esculpir os contornos da história humana, influenciando culturas, economias e até mesmo a descoberta de novas terras. Venha desvendar o universo fascinante de cinco temperos que, além de realçar os sabores, podem alterar a percepção sensorial!
Originário da família das iridáceas, o açafrão tem sido empregado como elemento culinário no Mediterrâneo desde a antiguidade, além de ser um renomado corante. Historicamente, foi reputado como um afrodisíaco potente, com registros de seu uso para incrementar a fertilidade.
Na Idade Média, era aproveitado para intensificar as percepções e induzir estados de transe. Com a evolução do tempo, a planta passou a ser fumada na tentativa de replicar os efeitos do ópio. Países como a China recorrem ao açafrão como tratamento contra a depressão, devido à sua habilidade de elevação dos níveis de dopamina e glutamato, mitigando sensações de desconforto.
Derivada da casca de variadas espécies do gênero Cinnamomum, a canela é frequentemente incorporada em preparos doces. Desde o Egito Antigo, havia uma prática de mesclar canela com óleo de cannabis para massagens que, acreditava-se, promoviam uma conexão com o divino.
Pesquisas modernas indicam que a canela pode propiciar efeitos psicoativos devido a componentes em sua estrutura, principalmente quando associada a outros elementos, como a cannabis. Uma variação de canela, a de Ceilão, é reconhecida por suas propriedades antidepressivas e ansiolíticas.
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Com uma rica história tanto na culinária quanto em induzir alterações perceptivas, a noz-moscada foi supostamente utilizada por Nostradamus em quantidades significativas para alcançar estados transicionais de consciência, de onde emergiam suas profecias célebres.
No século XII, variados grupos, incluindo estudantes e músicos, recorriam à noz-moscada como uma substituta da maconha, pois ela tem a capacidade de ativar os receptores endocanabinoides e obstar a decomposição da dopamina, serotonina e adrenalina. Contudo, é prudente evitar o seu consumo exagerado devido aos efeitos adversos possíveis, como secura oral, vertigens, vômitos e alucinações.
Proveniente das orquídeas do gênero Vanilla, originalmente cultivadas no México por civilizações pré-colombianas mesoamericanas, a baunilha foi introduzida na Europa no século XVI, simultaneamente ao cacau. Maia e astecas combinavam baunilha e cacau, intensificando os níveis de anandamida no organismo, gerando sensações eufóricas.
A anandamida, semelhante ao THC, interage com os receptores canabinoides do nosso corpo, promovendo relaxamento e elevação do ânimo. Fica evidente, portanto, que essas civilizações antigas tinham vasto conhecimento sobre prazeres sensoriais.
Reconhecida como uma das especiarias mais veneráveis, a pimenta-do-reino, ou pimenta-preta, confere um sabor robusto e picante aos pratos, graças à presença da piperina. Historicamente, era aplicada como remédio para distúrbios gástricos, cutâneos e insônia, proporcionando ainda sensação de paz devido aos seus atributos alucinógenos.
Em eras passadas, o calor emanado pela pimenta-do-reino era mais pronunciado, e ao mascá-la, liberavam-se terpenos que potencializavam a secreção de anandamida, atenuando estados depressivos.
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