Uma reclamação universal das pessoas é a falta de dinheiro, se você perguntar para 10 pessoas de classe média se elas gostariam de ganhar mais, muito provavelmente 9 delas diriam que sim, que gostariam de ganhar mais, afirmando que as coisas estão cada dia mais caras, e realmente estão.
Uma simples ida ao supermercado é suficiente para perceber o crescimento contínuo dos preços dos produtos. Esse fenômeno é resultado de múltiplos fatores, como a desvalorização do real, a estagnação salarial e a inflação, que afetam diretamente o poder de compra das pessoas.
Em uma roda de amigos, podemos afirmar que já entrou em discussão como R$ 50 ou R$ 100 a alguns anos atrás você levava algumas sacolas do mercado para casa, e hoje, com o mesmo valor, acaba levando somente uma sacola com poucos produtos dentro.
Essa realidade afeta todas as classes sociais no Brasil, mas é especialmente preocupante para os mais pobres e para a classe média. No entanto, há outro aspecto que não é tão frequentemente discutido: o consumo exagerado por parte da classe média.
De acordo com uma pesquisa de Harvard, a classe média no Brasil procura se distinguir dos mais pobres, adotando comportamentos que sugerem um status social mais elevado. Porém, a pesquisa também revela que, economicamente, a classe média está mais próxima dos mais pobres do que dos mais ricos.
Mas, talvez, justamente por essa percepção das pessoas, a classe média tenta diferenciar-se dos mais pobres, muito embora, a classe média também seja uma classe operaria no Brasil, que assim como os mais pobres, sendo obrigados a trabalhar para os mais ricos.
Diante desse panorama, considerando o custo elevado da vida no Brasil e o esforço da classe média para manter uma certa imagem social, discutiremos 7 comportamentos comuns entre famílias de classe média. Estes comportamentos visam distingui-las dos mais pobres e exibir um poder aquisitivo mais alto, o que, muitas vezes, acaba por comprometer ainda mais suas rendas.
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Para muitas pessoas de classe média, um bom carro na garagem é um forte símbolo de status. Como consequência, muitas pessoas acabam se endividando em altos financiamentos, considerando apenas o valor da parcela e, muitas vezes, esquecendo de outros valores como seguro, manutenção e impostos, o que corre substancialmente uma parte importante da renda dessas pessoas.
De acordo com dados do Banco Central do Brasil, o financiamento de veículos alcançou um novo recorde em 2022, com aumento significativo na concessão de crédito para automóveis novos e usados, deixando claro a disposição dos brasileiros em assumir dívidas de longo prazo para adquirir carros mais caros e de status.
Os ricos acabam trocando anualmente seus gadgets como smartphones, tablets e notebooks, porque possuem poder aquisitivo para atualizar suas tecnologias, tendência essa seguida por muitas pessoas de classe média, que se endividam muito para conseguirem se atualizar, sem considerar um ponto importante: a maioria das atualizações não é significante assim, e a troca é apenas por status, não compensando muitas vezes o investimento.
Pesquisas mostram que o Brasil é um dos líderes em vendas de smartphones na América Latina, com consumidores frequentemente optando por modelos de última geração. Segundo a IDC Brasil, as vendas de smartphones no país continuam a crescer, com muitos optando por aparelhos acima de 2 mil reais.
Viajar para especialmente para destinos considerados exóticos ou de prestígio é outro indicativo de status e que a classe média adora frequentar. Muitas vezes, essas viagens são compartilhadas nas redes sociais, aumentando a percepção de um estilo de vida luxuoso que muitas pessoas tentam passar.
Um estudo realizado pela Expedia em 2019 mostrou que os brasileiros gastam em média mais em viagens do que a média global, dedicando uma grande parcela do orçamento a viagens como uma forma de demonstração de status.
Gastar em alimentação fora de casa, especialmente em locais considerados sofisticados ou de moda, é uma maneira comum de ostentar. Esses gastos são muitas vezes desproporcionais à renda, visando mais à imagem projetada, o ambiente do que à própria experiência em si.
Dados do IBGE revelam que o gasto com alimentação fora de casa continuou a crescer mesmo em períodos de recessão econômica, sugerindo um comportamento de consumo que privilegia a experiência e a aparência de um estilo de vida sofisticado.
Usar roupas, sapatos e acessórios de marcas reconhecidas internacionalmente é uma forma clara de ostentação. Muitos brasileiros investem uma parte significativa de sua renda em itens de moda para reforçar uma imagem de sucesso e sofisticação.
O mercado de luxo no Brasil cresceu 4,6%, de acordo com a Euromonitor International, impulsionado principalmente pela venda de roupas e acessórios de luxo, o que evidencia a importância das marcas de grife como símbolo de status entre os consumidores brasileiros.
A localização e o tipo de moradia também são utilizados como símbolos de status. Mesmo que isso signifique estender a comutação diária ou gastar uma porção desproporcional da renda em moradia, muitos optam por viver em áreas consideradas mais prestigiosas.
Um relatório de 2021 da FipeZap deixou claro que o preço médio do metro quadrado em bairros nobres é consideravelmente mais alto do que em outras regiões, demonstrando que muitos estão dispostos a sacrificar boa parte de suas rendas, apenas para viverem endereços considerados mais prestigiados.
Basicamente, aqui existe uma divisão clara, pessoas de baixa renda matriculam seus filhos em escolas públicas e pessoas de classe média e alta em escolas particulares. Investir na educação dos filhos em instituições privadas é outro marcador de status social. Essas escolas, além de oferecerem educação, são vistas como uma forma de ascensão social e networking.
Embora, saibamos que no Brasil existem muitas diferenças entre o ensino público e o privado, muitas vezes, os pais escolhem as escolas privadas mais caras, que chegam a comprometer mais de 35% de suas rendas, para que seus filhos estejam de igual para igual com os demais.
Segundo o Censo Escolar da Educação Básica, o número de matrículas em escolas particulares tem crescido frequentemente em comparação com escolas públicas, apesar do alto custo das mensalidades, o que reflete o valor colocado em educação privada como uma ferramenta de ascensão social.
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