Você não vai gostar do resultado de colocar gelo em machucados
O uso de gelo como tratamento imediato para lesões é uma prática amplamente aceita e recomendada por profissionais de saúde em todo o mundo. No entanto, um estudo recente conduzido por pesquisadores da Universidade San Jorge, na Espanha, sugere que essa prática, longe de ser sempre benéfica, pode, na verdade, retardar o processo de cura e agravar a lesão.
Esta nova visão sobre o uso do gelo tem gerado debate entre especialistas, dividindo opiniões sobre sua real eficácia.
Aplicar gelo em uma lesão é um procedimento comum e amplamente difundido, especialmente em casos de contusões, entorses e distensões.
A prática tem como objetivo principal reduzir a dor e o inchaço no local afetado, aliviando o desconforto imediato. O gelo causa uma constrição dos vasos sanguíneos, diminuindo o fluxo de sangue e, consequentemente, a inflamação na área lesionada.
Isso, em teoria, deveria ajudar na recuperação, mas as evidências recentes indicam que os efeitos podem não ser tão positivos quanto se pensava.
Interferência no processo de cicatrização natural com gelo
De acordo com as pesquisadoras Beatriz Carpallo Porcar e Paula Cordova Alegre, responsáveis pelo estudo, a aplicação de gelo pode interferir de maneira negativa no processo inflamatório natural do corpo, que é essencial para a cicatrização de tecidos danificados.
Em um artigo publicado na plataforma The Conversation, elas explicam que a inflamação é uma resposta fisiológica crucial, permitindo que o organismo envie células reparadoras ao local da lesão. Essa resposta inflamatória, embora dolorosa e inchada, é parte integrante do processo de cura.
Ao aplicar gelo, a temperatura da área lesionada diminui, o que pode reduzir o fluxo sanguíneo para a região e, assim, retardar a chegada dessas células reparadoras.
Esse atraso no processo de cicatrização pode não apenas prolongar o tempo de recuperação, mas também aumentar o risco de complicações, como a formação de cicatrizes inadequadas e a reincidência de lesões.
Alternativas ao uso de gelo no tratamento de lesões
Com a crescente preocupação sobre os possíveis efeitos negativos do gelo, alternativas terapêuticas estão sendo exploradas. Uma das opções promissoras é o uso de nanocurativos de celulose, que têm mostrado potencial não apenas para acelerar a cicatrização, mas também para combater infecções.
Esses curativos avançados são projetados para manter o ambiente da lesão em uma condição ideal para a regeneração celular, sem a necessidade de interferir no processo inflamatório natural do corpo.
Além disso, técnicas como o repouso adequado, a elevação da área lesionada e o uso de medicamentos anti-inflamatórios, quando prescritos por um profissional de saúde, podem ser mais eficazes e menos prejudiciais em comparação com o uso indiscriminado de gelo.
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Debate entre especialistas e recomendações
Apesar dos argumentos apresentados pelo estudo, a comunidade médica permanece dividida sobre o uso do gelo em lesões.
Muitos profissionais de saúde ainda defendem a aplicação de gelo, principalmente em situações onde a dor e o inchaço precisam ser controlados de forma rápida e eficaz. Para esses especialistas, o gelo continua sendo uma ferramenta valiosa, especialmente em contextos esportivos e de emergência.
No entanto, há um consenso crescente de que a aplicação de gelo deve ser feita com cautela e sempre considerando o tipo de lesão e as condições individuais do paciente. A recomendação é que, em caso de dúvida, os pacientes consultem um médico ou fisioterapeuta para avaliar a melhor abordagem para o tratamento de sua lesão específica.
A prática de aplicar gelo em lesões, embora comum, está sendo cada vez mais questionada à luz de novas pesquisas que sugerem possíveis efeitos adversos no processo de cura. O estudo conduzido pelas pesquisadoras da Universidade San Jorge adiciona uma camada importante ao debate sobre o uso de gelo, destacando a necessidade de uma avaliação mais criteriosa sobre sua aplicação em diferentes tipos de lesões.
À medida que novas tecnologias e abordagens terapêuticas, como os nanocurativos de celulose, se tornam disponíveis, é possível que o tratamento de lesões evolua para métodos que respeitem mais os processos naturais do corpo.
Até lá, é essencial que os pacientes estejam bem informados e que as decisões sobre o uso de gelo sejam tomadas com base em evidências científicas e sob orientação profissional.
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