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Aviso geral: 10,5 mil kg de arroz são arrancados do mercado; motivo surpreende

Quem diria que o arroz, esse alimento básico da nossa rotina, ia causar tanto alvoroço? Pois é, parece que o prato do brasileiro foi sacudido com a notícia de que 10.500 kg de arroz foram apreendidos em Araraquara (SP) porque estavam sendo vendidos como se fossem “top de linha”, mas… não eram bem isso. Esse caso levanta uma questão importante sobre como as informações nos rótulos afetam nosso bolso e qualidade do que levamos pra casa.

O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) descobriu uma fraude e confiscou 2.119 pacotes de 5 kg de arroz que, na verdade, não entregavam o que prometiam. Nas prateleiras, os pacotes estavam rotulados como “Tipo 1”, mas, ao ser analisado, o arroz foi classificado como “Tipo 3”.

Isso significa que ele não tinha a qualidade indicada no rótulo, sendo mais pegajoso e menos soltinho que o arroz de melhor classificação. A responsável pela embalagem, uma empresa do Rio Grande do Sul, não teve o nome divulgado, mas o golpe ao consumidor é claro.

Qual é diferença de um arroz para o outro?

A questão aqui é sobre a classificação do arroz. O arroz beneficiado, aquele que encontramos nos supermercados, é separado em tipos de 1 a 5. Essa divisão considera a quantidade de grãos quebrados, impurezas e outros aspectos que afetam a aparência e textura do arroz depois de cozido.

O Tipo 1 é o mais “limpo”, com menos grãos quebrados, resultando em um arroz que fica soltinho na panela. Já o Tipo 3, como o desse caso, tem mais grãos quebrados, o que faz o arroz ficar mais grudado e com uma aparência menos “premium”.

A nutricionista e diretora executiva da Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz), Andressa Silva, explica que o valor nutricional é o mesmo, mas o efeito visual e a textura são diferentes. Ou seja, quem paga mais por um arroz Tipo 1 quer ter uma experiência superior, mas, se leva pra casa um Tipo 3 sem saber, está literalmente “comprando gato por lebre”.

Veja mais, mas ainda hoje:

Como é feita a classificação?

Pra entender melhor: o arroz branco, também chamado de agulhinha ou polido, passa por um processo que remove a casca e outras impurezas. A partir daí, o arroz é separado em diferentes categorias. Dentro dessas categorias (integral, branco ou parboilizado), ele é classificado em tipos conforme a presença de:

  • Grãos quebrados: Eles deixam o arroz mais grudento e comprometem a “soltura” depois do cozimento.
  • Impurezas e quireras: São fragmentos menores que acabam misturados aos grãos inteiros.
  • Grãos rajados e ardidos: Eles mudam a aparência e até o sabor.

Cada tipo de arroz tem um percentual permitido desses elementos. No caso dos pacotes apreendidos, o Ministério constatou quase 25% de grãos quebrados e quireras, muito além do limite para o Tipo 1. Ou seja, o arroz deveria estar classificado como Tipo 3.

O prejuízo pro consumidor

A diretora da Abiarroz destaca que esse tipo de fraude é um desrespeito ao consumidor, que paga por um produto de melhor qualidade e leva pra casa algo inferior.

Além disso, a diferença de preço entre os tipos 1 e 3 costuma ser relevante, e quem comprou acabou pagando mais caro à toa. Para alguns consumidores, isso não faria tanta diferença, mas para quem quer qualidade e está disposto a pagar por isso, a frustração é grande.

Arroz “gourmet”: uma nova preocupação

O arroz Tipo 1, que costuma ser mais caro, é também o queridinho de quem preza por um prato visualmente bonito e com os grãos soltinhos. Na prática, se o consumidor está pagando por esse benefício e não recebe o produto correto, isso configura fraude e desrespeito.

Mas, para muita gente, a diferença entre os tipos de arroz ainda é pouco conhecida, e essa apreensão pode servir de alerta. O arroz Tipo 1 passa a ser visto como um “gourmet” da prateleira, e, se as marcas não garantirem a procedência, o cliente sai prejudicado.

O consumidor precisa ficar de olho nas classificações dos rótulos, e, mais do que nunca, o cuidado é essencial na hora de escolher.

Como evitar ser enganado?

Infelizmente, o consumidor nem sempre tem como perceber essas diferenças no mercado, já que os tipos 1 e 3 podem ter uma aparência semelhante à primeira vista. Mas, ao chegar em casa, fica fácil notar se o arroz tem muitos grãos quebrados e se fica mais grudento do que o esperado.

Outra dica é buscar marcas com histórico de confiança e ficar atento a qualquer mudança no produto que fuja do padrão que você conhece.

Esse caso serve como um alerta: as informações nos rótulos não são apenas uma formalidade; são a garantia de que você está comprando o que foi prometido. A qualidade, a textura e até o sabor podem ser comprometidos quando um produto é rotulado de forma incorreta.

Rodrigo Peronti

Jornalista, especializado em Semiótica. Já atuou em grandes veículos de comunicação do país.

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