Você já imaginou como estará o mundo daqui a 10 anos? Muito provavelmente, em 2034 você gostaria de ter alcançado seus objetivos, gostaria que o mundo tivesse menos guerras, menos conflitos, que haja mais segurança e menos miséria, certo?
Apesar das expectativas cercadas de esperança, a verdade é que nos próximos anos, muitas coisas tendem a se complicar ainda mais. Imagine um mundo com centros de poder concorrentes, a Rússia que é um país forte, começar a tropeçar na sua era pós-Vladimir Putin.
Pense no Irã com armas nucleares prontas para serem utilizadas, e as Organizações das Nações Unidas (ONU), incapaz de desempenhar suas funções — o que incluí convocar a Assembleia Mundial para enfrentar problemas como as alterações climáticas que nenhum país poderá resolver isoladamente.
O que dissemos é apenas uma previsão do futuro que os principais estrategistas globais e profissionais de previsão vislumbraram quando o Centro Scowcroft de Estratégia e Segurança do Atlantic Council os entrevistou em novembro de 2023, sobre o que eles esperam que mude no mundo nos próximos 10 anos.
Se esses primeiros vislumbres já o deixam desanimado, então temos uma notícia não muito agradável: 60% dos especialistas que tiveram envolvidos na pesquisa do Atlantic Council preveem que o mundo estará muito pior daqui a 10 anos.
Contudo, apesar do pessimismo sobre a direção dos assuntos globais, as respostas dos especialistas também revelaram motivos para se ter esperança, principalmente em assuntos relacionados ao ambiente, tecnologia disruptiva e a economia global.
No total, foram entrevistados 288 especialistas de diversos países diferentes, como Estados Unidos, Alemanha, México, Brasil, Caribe, entre outros. No total, os 288 especialistas consultados são de 48 nacionalidades diferentes, o que permite uma visão de diferentes realidades sobre o que estaremos vivendo na próxima década.
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Apesar dos ataques do Hamas contra Israel e a subsequente guerra em Gaza, que pareciam prejudicar as chances de um acordo entre Israel e Arábia Saudita, uma grande maioria dos entrevistados ainda espera que Israel normalize as relações com a Arábia Saudita até 2034.
Surpreendentemente, quase 20% dos especialistas também veem a possibilidade de normalização das relações diplomáticas entre Israel e um futuro estado palestino soberano, sugerindo que os eventos recentes poderiam revitalizar o interesse numa solução de dois estados para o conflito israelense-palestino.
Para a maioria dos especialistas, em 2034 o Partido Comunista Chinês ainda estará a frente do poder, onde, as expectativas de que a China tente tomar Taiwan à força ainda serão reais. Muito embora metade dos especialistas espere que a China tente uma ação militar nos próximos anos, o número de especialistas que acreditam nisso, diminuiu, tendo em vista que antes, a ampla maioria acreditava que a China tentaria tomar Taiwan.
Muitos especialistas estão mais céticos com essa questão, devido às intenções da China com Taiwan, especialmente quando considerado os recentes desafios e a cautela geopolítica reforçada pelo conflito da Rússia com a Ucrânia.
Outro fator que chama a atenção, é a incerteza crescente sobre qual será o papel da China no cenário global. Isso porque, a perspectiva sobre a China mudou de uma potencial hegemonia global, para uma incerteza completa sobre qual será o seu papel nos próximos anos.
Muitos dos especialistas esperam profundas mudanças na liderança da Rússia na próxima década, com a expectativa de que Vladimir Putin não seja mais o presente até 2034. Contudo, os desafios internos poderão levar o país a uma profunda crise, que poderá culminar na possibilidade de desintegração política.
Além disso, uma parcela considerável dos entrevistados, vê um potencial conflito entre a Rússia e a OTAN, com uma grande preocupação sobre a utilização de armas nucleares por parte da Rússia, o que poderá causar danos mundiais sem precedentes.
Até 2034, 73% dos especialistas espera que o mundo se torne multipolar, ou seja, que o poder global seja distribuído entre várias nações ou blocos de nações. Contudo, apesar dessa mudança, 81% dos especialistas preveem que os Estados Unidos continuará sendo a potência militar dominante, principalmente porque nenhum outro país investe em poder militar como os EUA.
Existe a expectativa de que as alianças de segurança doa EUA, especialmente na Europa, Ásia e Oriente Médio continuem. Porém, apesar do seu poder militar e os impactos que isso traz para o mundo, há uma perspectiva que sua influência diplomática tenha uma queda, especialmente considerando o papel da diplomacia em sustentar alianças estratégicas.
Embora uma maioria (63%) também veja os EUA como líder em inovação tecnológica e 52% como a principal potência econômica, apenas um terço espera que os EUA mantenham sua preeminência diplomática.
Apesar da expectativa de um mundo multipolar na próxima década, a confiança nas instituições internacionais como as Nações Unidas, para mediar conflitos entre potenciais rivais é absurdamente mais baixa, tendo em vista que, apenas 2% dos entrevistados acreditam que a ONU será totalmente capaz de enfrentar desafios significativos até 2034.
A falta de confiança nas Nações Unidas sugere uma possível crise na legitimidade e eficiência das instituições multilaterais estabelecidas após a Segunda Guerra Mundial, com muitos duvidando que reformas, como a expansão do Conselho de Segurança para incluir novos membros permanentes, possam ser realizadas.
Existe uma perspectiva de uma terceira era nuclear, caracterizada principalmente pela falta de governança global, aumentando a proliferação nuclear. Para se ter ideia, 84% dos especialistas preveem que pelo menos um estado não nuclear atual, possa adquirir armas nucleares até 2034, com o Irã, liderando as expectativas, seguido pela Arábia Saudita, Coreia do Sul e o Japão.
Esse cenário acaba sendo potencializado pela crença de que o uso de armas nucleares poderá ser possível nos próximos 10 anos, com 20% dos especialistas acreditando que grupos terroristas poderiam empregar tais armas. Dessa forma, as falhas nas instituições internacionais para controlar a proliferação reforçam a preocupação de que a governança nuclear esteja entrando em colapso, possivelmente levando a um mundo mais instável e perigoso.
Para quase metade dos especialistas, as alterações climáticas serão a maior ameaça à prosperidade global na próxima década, superando outras preocupações como guerras entre grandes potências. Além disso, 49% os entrevistados acreditam em uma cooperação global, muito embora o otimismo sobre a expansão da cooperação seja moderado por um certo ceticismo sobre o sucesso real na redução das emissões de gases de efeito estufa.
Em resposta a esses desafios, mais da metade dos entrevistados prevê que começaremos a geoengenharia do planeta para combater as alterações climáticas de maneira deliberada e em grande escala até 2034, principalmente porque a maioria dos especialistas duvida que as emissões atinjam o pico e comecem a cair até 2034.
As redes sociais serão vistas cada vez mais de maneira negativa, com 81% dos especialistas prevendo um impacto geral negativo nos assuntos globais nos próximos 10 anos, principalmente devido a toxicidade que vem se espalhando pelas redes. Em contraste, a Inteligência Artificial é vista com grande otimismo, principalmente devido aos seus impactos em todos os setores possíveis.
Contudo, existe uma divisão demográfica em relação à Inteligência Artificial: os homens são mais otimistas do que as mulheres, e há uma clara diferença de percepção entre os mais jovens (abaixo dos 50 anos) e os mais velhos, com os mais jovens sendo mais céticos sobre os benefícios da IA.
Essas percepções são influenciadas por preocupações com a governança tecnológica, que é apontada por uma maior porcentagem de entrevistados mais jovens como uma área para cooperação global, para que essa tecnologia possa ser utilizada de maneira adequada.
De maneira geral, os especialistas estão amplamente pessimistas sobre os próximos 10 anos, onde, 60% deles esperam que o mundo esteja pior na próxima década, do que está hoje. Essa visão é consistente em diferentes demografias, independente da idade, sexo, cidadania ou país. Esse sentimento geral de pessimismo deixa claro os caminhos que o mundo e as forças políticas tem tomado. Esse é um indicador muito preocupante, que precisará ser monitorado nos próximos anos bem mais de perto.
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