Você já reparou que algumas pessoas tem muitas cócegas, da mesma forma que outras pessoas parecem não sentir nada? Você já se perguntou porque isso acontece? Não só isso, existem pessoas que até gostam de sentir cócegas, enquanto outras odeiam.
De antemão podemos afirmar que isso é extremamente normal, cada indivíduo possuí suas próprias características, e tudo isso acaba acontecendo devido à experiência sensorial de cada indivíduo, tendo em vista que as pessoas têm diferentes níveis de sensibilidade ao toque.
Toda vez que você experimenta a sensação de cócegas, desencadeia-se um processo complexo que envolve tanto o seu cérebro quanto o seu sentido do tato. Inicialmente, essa sensação ativa terminações nervosas especializadas na pele, responsáveis pela percepção de dor e por receptores sensíveis a estímulos leves, como toques suaves e pressão.
Esses sinais são então enviados ao córtex somatossensorial, a área do cérebro encarregada de interpretar o toque. As emoções relacionadas a essa percepção são processadas em regiões do cérebro ligadas às nossas emoções, como o córtex cingulado anterior.
Como resposta, o cérebro desencadeia automaticamente o riso, uma ação coordenada pelo hipotálamo, que atua como uma ponte entre nossas emoções e reações físicas. O cerebelo, localizado na parte posterior do cérebro, harmoniza essa complexa orquestração de sensações, emoções e movimentos.
Se você já se pegou rindo apenas com a aproximação de alguém que poderia fazer cócegas, isso se deve a uma mistura de surpresa, expectativa e o contexto da situação. Normalmente, essa “risada antecipatória” ocorre na presença de pessoas com quem você tem um vínculo de confiança e afeto, diferentemente do que aconteceria com um desconhecido.
Isso pode ser explicado pelo fato de que momentos antes de ser tocado, seu cérebro relembra as sensações agradáveis de experiências passadas de cócegas com amigos e familiares queridos, disparando uma onda de riso antes mesmo do contato físico. A probabilidade de você rir antecipadamente aumenta se você possui memórias felizes de brincadeiras com essa pessoa e se está num estado emocional positivo no momento.
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A sensação peculiar de cócegas está profundamente ligada ao elemento surpresa, algo que tipicamente requer a intervenção de outra pessoa. Estudos, como um mencionado no NeuroReport, apontam que nossa experiência das cócegas é intensificada pela incapacidade do nosso cérebro, mais especificamente do cerebelo, de antecipar o toque iminente. Essa imprevisibilidade é fundamental para a sensação característica que acompanha as cócegas.
Interessantemente, a capacidade de sentir cócegas tem suas raízes na evolução. Ser sensível a toques leves, particularmente em áreas não facilmente visíveis como a planta dos pés e a nuca, representava uma vantagem evolutiva. Essas regiões, por serem críticas para a nossa proteção contra lesões, exigem uma resposta rápida até mesmo a estímulos mínimos, como o toque quase imperceptível de um mosquito, levando-nos a reagir instintivamente para nos proteger.
Além disso, as cócegas possuem um papel importante no fortalecimento de laços sociais e no aprendizado sobre o toque, especialmente na infância. Um estudo publicado na PLoS One sugere que as cócegas podem ser uma maneira de ensinar as crianças sobre as diferentes sensações que o corpo pode experimentar e sobre suas zonas de sensibilidade, ao mesmo tempo em que promove um momento de conexão e diversão entre pais e filhos.
Ainda assim, por que apenas algumas pessoas são suscetíveis às cócegas permanece um enigma. A ciência ainda busca entender por que certos indivíduos são mais propensos a essa reação do que outros. Contudo, é conhecido que o estado emocional de uma pessoa pode influenciar sua receptividade às cócegas em um momento específico, sugerindo que o humor pode desempenhar um papel na intensidade com que as cócegas são sentidas.
Portanto, as cócegas não são apenas um fenômeno físico curioso, mas também um aspecto intrigante da nossa biologia, com implicações que vão desde a evolução até as interações sociais e o desenvolvimento infantil.
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