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Especialista afirma: esquecer as coisas pode ajudar vocĂȘ a sobreviver; veja como

Charan Ranganath Ă© um neurocientista famoso por suas colocaçÔes e suas criaçÔes de conceitos a respeito da mente humana. Recentemente, o cientista lançou seu novo livro chamado “Why We Remember” ou, em tradução livre: Por que nos lembramos. O mais curioso em seu novo trabalho estĂĄ nas consequĂȘncias positivas que esquecer as coisas pode causar.

Em um trecho da obra, o autor diz que a memĂłria representa “muito, muito mais do que um arquivo do passado”. Ele afirma que ela Ă© “o prisma atravĂ©s do qual vemos a nĂłs mesmos, aos outros e ao mundo”.

Pois Ă©, mais do que apenas uma espĂ©cie de “caixinha de lembranças”, a memĂłria pode interferir diretamente no modo como vemos o mundo e nos relacionamos com ela. Isso, claro, inclui tambĂ©m as relaçÔes interpessoais.

Por que esquecer das coisas pode não apenas uma falha, mas uma proteção

Importante destacar que Ranganath, alĂ©m de ser autor do livro apresentado aqui, Ă© tambĂ©m professor da Universidade da CalifĂłrnia, em Davis, nos EUA. Ele passou seus Ășltimos 30 anos de trabalho nĂŁo apenas escrevendo, mas se dedicando a desvendar os processos que desencadeiam as memĂłrias no cĂ©rebro.

Em outras palavras, ele entendeu a fundo, por décadas, as açÔes de lembrar e esquecer, inerentes a todos os humanos. Nesse sentido, chegou a conclusão de que o que sabemos ou dizemos saber a respeito da memória pode ser um conjunto de equívocos.

O ato “falho” de esquecer as coisas, por exemplo, pode nĂŁo ser algo realmente negativo. Na verdade, segundo o especialista, o esquecimento Ă© exatamente fruto de um recurso Ăștil do cĂ©rebro para a sobrevivĂȘncia humana.

De um modo bem sucinto, Ranganath diz que as memórias são classificadas como boas e ruins, ou como positivas e negativas. Assim, o próprio cérebro, parte do organismo humano, entende o que deve ou não ser mantido dentro dele próprio.

VocĂȘ precisa ler ainda hoje:

A ação contraintuitiva sobre o que sabemos sobre as memórias

Em entrevista à rede BBC, nos EUA, o pesquisador afirma que esquecer ou lembrar das coisas exige ligaçÔes neurais. Isso quer dizer que as memórias estão constituídas por meio de alteraçÔes ou oscilaçÔes nas forças conectivas entre os neurÎnios. Existem ligaçÔes boas e fortes e existem ligaçÔes fracas e ruins.

Seus estudos mostram que o modelo comum de aprendizagem humana, baseado em erros e acertos, faz com que a recuperação das memórias exija esforço. Aquelas com ligaçÔes mais fracas tendem a ser modificadas, dessa maneira. Assim, os vínculos fortes se destacam diante dos vínculos ruins.

No entanto, isso não implica que memórias dolorosas serão esquecidas, mas sim que elas podem ser reforçadas e ressignificadas no processo da lembrança. Esquecer os elos fracos apenas faz com que o cérebro trabalhe para melhorar e otimizar a qualidade do que foi apreendido.

Otimizando as memĂłrias no processo de lembrar e esquecer

Com base na teoria e nos experimentos de Ranganath, Ă© possĂ­vel dizer que quando vocĂȘ esquecer de algo, Ă© possĂ­vel utilizar a situação para aprimorar suas capacidades.

É possĂ­vel fortalecer as memĂłrias e otimizĂĄ-las dentro do processo que podemos chamar de “aprendizagem ativa”. Para isso, Ă© preciso criar vĂ­nculos neurais mais fortes, por exemplo, como:

  • Dirigir por um determinado bairro, ao invĂ©s de procurĂĄ-lo no Google Maps; ou
  • Encenar e dramatizar um texto em voz alta, ao invĂ©s de apenas lĂȘ-lo em papel ou na tela.

Forçar a mente a se lembrar dos acontecimentos certamente também é um processo eficaz para guardar melhor e de forma mais eficiente as memórias, atribuindo boa qualidade de vínculos neurais a cada uma delas.

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