Caracterizada por pausas involuntárias na respiração durante o sono, a apneia do sono, ou apneia obstrutiva do sono (AOS), é um distúrbio comum que afeta a qualidade de vida de cerca de 100 milhões de pessoas em todo o mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Somente no Brasil, estima-se que 35% da população sofra com o problema, de acordo com a Associação Brasileira do Sono (Absono).
Apesar de essa condição poder resultar em problemas de saúde mais sérios, se não for tratada adequadamente, apenas 20% dos casos são diagnosticados.
Marcos Silva, especialista do VitalAire – segmento do Grupo Air Liquide que oferece soluções para pacientes em tratamento domiciliar – em Apneia do Sono, ressalta a importância do diagnóstico, quais são os sintomas a serem observados e o tratamento mais adequado.
A apneia obstrutiva do sono é uma desordem respiratória crônica, caracterizada por episódios repetidos de interrupção da respiração durante o sono.
Essas pausas, chamadas apneias, ocorrem quando as vias aéreas superiores se fecham parcial ou totalmente, impedindo o fluxo normal do ar para os pulmões.
“Essas pausas respiratórias podem durar de alguns segundos a minutos e ocorrem diversas vezes ao longo da noite, prejudicando a qualidade do sono e, consequentemente, afetando a saúde e o bem-estar do indivíduo.
Porém, embora seja algo relativamente comum, a apneia do sono é frequentemente subdiagnosticada, o que pode levar a sérios problemas de saúde a longo prazo”, explica Marcos Silva, especialista do VitalAire.
Além da apneia obstrutiva, que é a mais comum, existe também a apneia central do sono, que envolve uma falha na comunicação entre o cérebro e os músculos respiratórios, resultando em interrupções na respiração sem obstrução física das vias aéreas.
Ou seja, o cérebro não envia os sinais adequados para controlar a respiração, levando a uma pausa sem esforços evidentes para retomá-la.
“A principal diferença está na causa do bloqueio da respiração. A apneia obstrutiva é causada por um bloqueio físico das vias aéreas, enquanto a apneia central é resultado de uma falha na regulação cerebral da respiração. Ambas podem ser prejudiciais à saúde, exigem avaliação médica e tratamento adequado para minimizar os riscos associados”, diz Marcos.
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Os sintomas da apneia obstrutiva podem variar, mas os mais comuns incluem ronco alto, sensação de sufocamento ou engasgo durante o sono, dores de cabeça, sonolência excessiva durante o dia, irritabilidade, dificuldade de concentração e fadiga constante.
“O ronco é frequentemente um sintoma precoce da apneia do sono. Neste caso, o ronco acontece porque o fluxo de ar se torna restrito e, à medida que a pessoa tenta respirar, o ar passa por essa obstrução parcial com maior força, levando à vibração dos tecidos moles. E é justamente essa vibração que produz o som do ronco”, explica o especialista do VitalAire.
Além disso, quem tem apneia do sono possui maior risco de desenvolver doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, acidentes vasculares cerebrais (AVCs) e depressão. “Essa é uma condição que deve ser levada a sério. Muitas pessoas negligenciam os sintomas, acreditando que o ronco, por exemplo, é apenas uma questão comum. No entanto, quando é algo crônico, essa desordem pode ter impactos graves na saúde a longo prazo, afetando negativamente a qualidade de vida do paciente. Por isso, é essencial que quem apresenta sinais de apneia do sono procure aconselhamento médico o mais rápido possível”, alerta.
Várias causas podem contribuir para o desenvolvimento do distúrbio. O excesso de peso e a obesidade são fatores críticos, uma vez que o acúmulo de gordura em torno do pescoço exerce pressão sobre as vias aéreas, tornando-as mais suscetíveis ao problema. Além disso, a idade avançada desempenha um papel significativo, pois com o envelhecimento, as mudanças naturais nas vias aéreas e nos músculos da garganta podem aumentar a probabilidade de apneia do sono.
Outros fatores a considerar incluem o consumo de álcool e sedativos, que relaxam os músculos da garganta e facilitam o colapso das vias aéreas, bem como histórico familiar e gênero, já que a presença de casos na família sugere uma predisposição genética e os homens têm um risco maior em comparação com as mulheres.
O hábito de fumar também contribui ao aumentar o inchaço nas vias aéreas superiores e a postura ao dormir, especialmente de costas, pode agravar o problema, uma vez que a língua e o palato mole podem cair para trás e bloquear as vias aéreas. Problemas nasais, como congestão crônica ou desvio de septo, também podem dificultar a respiração pelo nariz, aumentando o risco de obstrução durante o sono.
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Se alguém suspeita ter apneia do sono, é fundamental buscar ajuda profissional, que pode incluir clínico geral, pneumologista, otorrino, neurologista e fisioterapeuta. O primeiro passo, portanto, é marcar uma consulta, preferencialmente com um especialista em Medicina do Sono, que pode conduzir uma avaliação detalhada e, se necessário, encaminhar para um estudo do sono.
“O diagnóstico preciso é essencial para determinar a gravidade do quadro e a melhor abordagem terapêutica. Os exames para detectar apneia do sono podem incluir a polissonografia, que monitora diversas funções fisiológicas durante o sono, e exames complementares”, informa Marcos. “No mercado, já encontramos aparelhos de detecção de distúrbios do sono mais avançados, como o PolyWatch, que permite ao paciente fazer o exame no conforto de casa e possibilita ao profissional da saúde identificar alterações do sono no momento e no local em que normalmente acontecem”, completa.
Para casos moderados e graves, um dos tratamentos mais comuns e recomendados é o uso de CPAP (Pressão Positiva Contínua nas Vias Aéreas). O CPAP é um dispositivo médico que fornece um fluxo contínuo de ar nas vias aéreas, impedindo a obstrução e mantendo a respiração regular durante o sono.
“O CPAP tem se mostrado altamente eficaz no tratamento da apneia do sono. É essencial que os pacientes sigam rigorosamente as orientações médicas e utilizem o dispositivo conforme recomendado. Com o uso adequado e frequente, os benefícios do tratamento com CPAP são notáveis, melhorando a qualidade do sono e reduzindo o risco de complicações associadas ao distúrbio”, finaliza Marcos Silva.
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