Em uma viagem audaciosa através do tempo e da geologia, um estudo recente projeta um futuro quase inimaginável, onde as circunstâncias climáticas poderão desencadear uma extinção em massa, comparável à que varreu os dinossauros da face da Terra, mas desta vez ameaçando a humanidade e toda a classe dos mamíferos. Previsto para ocorrer daqui a cerca de 250 milhões de anos, esse cenário cataclísmico é delineado pela inevitável convergência dos continentes conhecidos, fundindo-se em um imenso supercontinente.
Esta fusão colossal não apenas redesenhará o mapa do nosso planeta, mas também catalisará transformações ambientais extremas. O novo supercontinente, conforme teorizado, será um palco de temperaturas extremas, apresentando desafios intransponíveis para a sobrevivência de diversas espécies.
Neste futuro distante, os mamíferos, inclusive os seres humanos, enfrentarão a ameaça tangível de extinção, provocada por um habitat implacavelmente hostil, uma reminiscência alarmante da vulnerabilidade persistente da vida na Terra.
Em uma abordagem pioneira, cientistas utilizaram a capacidade avançada de supercomputadores para modelar o clima futuro da Terra, revelando um agravamento alarmante dos extremos climáticos conforme os continentes se fundem em um único e vasto supercontinente.
Esta maciça reconfiguração terrestre elevaria drasticamente as temperaturas médias globais, desafiando a sobrevivência de muitos mamíferos, que possuem capacidades limitadas de adaptação a tais intensidades de calor.
O estudo também antecipa um aumento significativo na intensidade da radiação solar, resultando em uma Terra mais quente. Simultaneamente, a tumultuada formação do supercontinente provocaria uma atividade vulcânica sem precedentes, fruto dos movimentos tectônicos. Essa atividade liberaria vastas quantidades de dióxido de carbono na atmosfera, exacerbando ainda mais o fenômeno do aquecimento global.
A combinação de níveis elevados de dióxido de carbono, um Sol mais radiante e a massiva continentalidade convergiria para uma “tempestade perfeita”, culminando em um aumento de temperaturas que variam de 40 a 70 graus Celsius em extensas regiões.
Mamíferos, humanos inclusos, têm um histórico evolutivo de adaptação a variações climáticas, desenvolvendo mecanismos como pelagem densa e hibernação para suportar o frio. No entanto, a habilidade de lidar com calor extremo tem se mantido praticamente inalterada ao longo do tempo, apresentando um desafio insuperável diante de temperaturas extremamente elevadas e persistentes.
Sob as condições climáticas extremas propostas pela pesquisa, a sobrevivência dos mamíferos seria inviável, dada a sua incapacidade de efetivamente eliminar o calor e regular a temperatura corporal, conduzindo-os à beira da extinção.
A Dra. Eunice Lo, uma das autoras do estudo, destaca a importância crítica de abordar a crise climática que enfrentamos hoje, impulsionada pelas atividades humanas e emissões de gases de efeito estufa. O aumento das temperaturas, já nocivo à saúde humana e ao meio ambiente, reforça a urgência de uma ação coletiva para mitigar as emissões e caminhar em direção a um futuro de emissões líquidas zero.
Na tentativa de desvendar o véu do futuro climático e as concentrações de CO2, os pesquisadores utilizaram simulações avançadas para prever tendências de temperatura, padrões de vento, precipitação e umidade no suposto próximo supercontinente, denominado Pangea Ultima.
Os modelos projetam que as concentrações de CO2 poderiam saltar dos atuais 400 ppm para mais de 600 ppm no futuro, isso se, porventura, houver um corte no uso de combustíveis fósseis. Caso contrário, esses níveis alarmantes poderiam ser uma realidade num prazo muito mais curto.
O professor Benjamin Mills, responsável pelos cálculos relativos ao CO2, ressalta o prognóstico desolador para o futuro, que poderia experienciar níveis de CO2 dobrados, uma radiação solar 2,5% mais intensa, e um supercontinente aninhado nos trópicos calorosos e úmidos.
A pesquisa também sublinha a necessidade de integrar a dinâmica tectônica e a configuração continental na busca por exoplanetas, isto é, planetas que orbitam estrelas fora do nosso sistema solar.
O estudo demonstra que simplesmente estar localizado na ‘zona habitável’ de uma estrela não é garantia de condições favoráveis à vida humana. A disposição geográfica e a massa continental de um planeta distante são fatores cruciais para determinar sua habitabilidade.
Em síntese, embora as previsões delineiem um futuro potencialmente inóspito devido ao calor extremo e condições desfavoráveis, elas reforçam a premente necessidade de enfrentar as crises climáticas atuais e diminuir as emissões de gases de efeito estufa, assegurando a preservação de nosso planeta habitável.
A mobilização conjunta para atingir a meta de emissões líquidas zero é mais vital do que nunca, não apenas para prevenir a extinção humana, mas também para proteger as inúmeras espécies de mamíferos que coabitam a Terra.
O estudo integral, conduzido pela Universidade de Bristol, está disponível na revista Nature Geoscience.
O passado geológico e climático da Terra é marcado por diversos episódios de extinções em massa, períodos nos quais o planeta passou por transformações drásticas que resultaram na perda massiva de sua biodiversidade.
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Neste primeiro grande evento de extinção, eras glaciais levaram a uma aniquilação substancial da vida marinha, extinguindo cerca de 85% dela. As mudanças nos níveis do mar e flutuações de temperatura eliminaram habitats cruciais, impondo um stress ambiental que afetou profundamente a biodiversidade, especialmente marinha, dado que a vida terrestre era mínima naquele tempo.
Este evento de extinção deixou marcas profundas, com um declínio de 75% nas espécies. A vida marinha sofreu grandemente, especialmente os construtores de recifes e várias espécies de peixes. Atividades vulcânicas e impactos de asteroides são vistos como os principais instigadores, que desestabilizaram ecossistemas e modificaram a atmosfera, resultando em extensa anóxia nos oceanos.
Conhecido como “O Grande Morrer”, este cataclismo erradicou aproximadamente 96% das espécies marinhas e 70% das terrestres. Colossais erupções vulcânicas na atual região da Sibéria expeliram imensos volumes de lava, acarretando alterações climáticas drásticas, chuvas ácidas e acidificação dos oceanos. Estes eventos catastróficos desmantelaram ecossistemas ao redor do globo, redefinindo a vida na Terra.
Este episódio assinalou o término do período Triássico e o advento do Jurássico, com a extinção de cerca de 50% das espécies. Atividades vulcânicas em grande escala e as consequentes mudanças climáticas são consideradas as principais forças por trás do evento, proporcionando aos dinossauros uma oportunidade de florescer ao liberar nichos ecológicos e permitir diversificações adaptativas extensas.
O cataclismo que definiu esta era não foi nada menos que o impacto astronômico de um asteroide, que forjou a cratera de Chicxulub no território do que conhecemos hoje como México. Esse evento apocalíptico aniquilou cerca de 75% de todas as formas de vida, marcando o fim abrupto dos dinossauros não-aviários. O choque desencadeou incêndios descontrolados, gerou tsunamis devastadores e liberou uma quantidade massiva de enxofre na atmosfera, culminando em um cenário de “inverno nuclear”. Este episódio impôs mudanças climáticas severas e instantâneas.
Analisando esses marcos de extinção, percebemos uma constante: mudanças ambientais e climáticas bruscas e severas – frequentemente provocadas por eventos vulcânicos ou impactos extraterrestres – que provocaram reviravoltas radicais nas condições de vida na Terra.
Essas catástrofes históricas são fundamentais para entendermos quão precária é a vida em nosso planeta. Elas enfatizam a imperatividade de conservarmos a biodiversidade e de sustentarmos o equilíbrio ecológico diante das alterações e desafios ambientais contemporâneos. Servem, ainda, como reminiscências pungentes da trajetória mutável da Terra e do caráter efêmero de seus residentes biológicos.
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