Carreira

Países em que brasileiros podem trabalhar como Uber

Os motoristas de “Uber” e entregadores de aplicativos enfrentam uma realidade complexa em termos de regulamentação e direitos trabalhistas. No entanto, essa é uma modalidade de emprego comum, mas também uma opção viável para quem deseja uma renda extra, inclusive fora do Brasil.

Com o crescimento da economia digital, surgem debates sobre a necessidade de um piso salarial, aposentadoria e auxílios em caso de acidentes para esses trabalhadores. Além disso, a questão de quem deve arcar com esses custos também está em discussão.

Se você também pensa em sair do Brasil e já analisou a ideia de trabalhar como “Uber” em outro país, vale entender algumas regras, mas se preparar também.

Trabalhar como Uber / Imagem Freepik / logo Uber

Desafios na regulação de trabalhadores de plataforma

A principal questão gira em torno de como definir a relação entre os trabalhadores de aplicativos, como Uber, e as empresas. Esses trabalhadores não se enquadram completamente como empregados tradicionais, mas também não se enquadram como autônomos.

A zona cinzenta em que essas atividades se encontram gera disputas jurídicas e debates sobre a melhor forma de regulamentação.

No Brasil, por exemplo, o governo Lula propôs, em janeiro de 2024, uma nova categoria trabalhista chamada “trabalhador autônomo por plataforma”.

A proposta, ainda a ser analisada pelo Congresso Nacional, estabelece um limite de 12 horas diárias de conexão à plataforma, como a Uber, e um pagamento de R$ 32,09 por hora trabalhada, além da contribuição previdenciária obrigatória.

Crescimento da economia de plataformas como Uber

Segundo um relatório de 2021 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), o número de plataformas digitais de trabalho quintuplicou na última década. Isso reflete a expansão da gig economy, que trouxe tanto oportunidades quanto desafios para a regulamentação trabalhista.

Em entrevista à BBC News Brasil, Vinícius Pinheiro, diretor da OIT no Brasil, destacou a importância de novas regras para o setor, argumentando que tecnologias modernas não devem coexistir com condições de trabalho arcaicas.

Regulamentações em diferentes países

Diversos países adotaram diferentes abordagens para regulamentar o trabalho de motoristas e entregadores de aplicativos. Na Espanha, por exemplo, a Ley Rider, de 2021, obriga as empresas a contratarem entregadores como empregados, garantindo direitos como jornada de trabalho regulada, férias remuneradas e cobertura social.

No Chile, uma lei de 2022 regula o trabalho em plataformas digitais, classificando os trabalhadores como dependentes ou autônomos, dependendo das condições de trabalho. A legislação chilena também garante proteção social e um salário mínimo proporcional.

No Uruguai, o governo propôs um projeto de lei que facilita o acesso dos trabalhadores de plataformas aos benefícios da seguridade social através de um sistema menos burocrático e mais acessível.

Onde trabalhar como Uber pelo mundo?

A lista de cidades pelo mundo que contam com o serviço da Uber é extensa e abrange mais de 900 cidades. A lista completa pode ser conferida aqui.

Você vai gostar de saber também:

Modelos de responsabilidade sobre trabalho como Uber

A França adotou um modelo que impõe maior responsabilidade social às empresas, exigindo que ofereçam seguros contra acidentes de trabalho e doenças. A Lei El Khomri, de 2016, e uma legislação de 2019, garantem que os trabalhadores de plataformas possam recusar serviços sem sofrer penalidades, promovendo maior proteção contra sanções injustas.

O professor Manoj Dias-Abey, da Universidade de Bristol, destaca a complexidade de classificar trabalhadores de plataformas dentro das categorias tradicionais de empregados ou autônomos. No Reino Unido, a Suprema Corte decidiu em 2021 que motoristas da Uber são “trabalhadores”, uma categoria intermediária que lhes garante direitos como salário mínimo e férias remuneradas.

A implementação de novas regulamentações pode ter impactos variados. Na Espanha, a contratação formal de entregadores inicialmente resultou em uma diminuição da oferta de trabalho, mas o número de trabalhadores voltou a crescer posteriormente. Essa dinâmica reflete a adaptação do mercado às novas regras e a importância de um equilíbrio entre proteção social e flexibilidade.

A regulação do trabalho de motoristas e entregadores de aplicativos é um desafio global que envolve a definição de novas categorias trabalhistas e a implementação de proteções sociais adequadas. Diferentes países adotaram abordagens variadas, desde mudanças legislativas até decisões judiciais, para enfrentar essa questão.

No Brasil, a proposta do governo Lula representa um passo importante na tentativa de equilibrar a flexibilidade do trabalho por aplicativos com a necessidade de garantias e direitos trabalhistas.

A medida que a economia digital continua a evoluir, mas será crucial monitorar os impactos das regulamentações e adaptar as políticas para garantir um ambiente de trabalho justo e sustentável para todos os envolvidos.

Rodrigo Peronti

Jornalista, especializado em Semiótica. Já atuou em grandes veículos de comunicação do país.

Postagens recentes

15 empregos mais bem pagos do mundo em TI e tech em 2025

A tecnologia está cada vez mais presente em todos os cantos da sociedade, e a…

2 semanas atrás

6 maiores raças de gatos do mundo que você pode ter na sua casa

Gatos têm um jeito único de ganhar espaço nos nossos corações e casas. São práticos,…

2 semanas atrás

13 raças de cães mais populares do mundo em 2025

Quem resiste a um par de olhos brilhantes e um rabinho abanando? Em 2025, os…

1 mês atrás

11 doramas românticos para se apaixonar e rir bastante

Se você é daqueles que adoram um dorama romântico que faz o coração bater mais…

2 meses atrás

Planos de saúde: Conheça 30 das principais operadoras do Brasil

No Brasil, a saúde pública ainda é um verdadeiro desafio para o governo, e normalmente…

2 meses atrás

Os 10 estados com mais roubos de moto no Brasil e os modelos

O Brasil é um verdadeiro paraíso, temos um clima agradável, pessoas acolhedoras, um país extremamente…

2 meses atrás