A lenda do Rei Arthur conquista corações e mentes ao longo de séculos. Essa narrativa envolvendo um antigo e futuro rei, seus destemidos cavaleiros da Távola Redonda e a lendária espada Excalibur é um verdadeiro ícone da literatura, do cinema e do folclore.
Contudo, em meio às narrativas de cavalaria, magia e buscas pelo Santo Graal, muita gente já fez essa pergunta: o Rei Arthur foi uma figura histórica real ou simplesmente um produto de puro mito e lenda? Hoje, embarcamos em nossa própria jornada em busca da verdade, explorando a rica história da tradição arturiana na tentativa de desvendar os mistérios que envolvem o enigmático Rei Arthur.
A legitimidade histórica do Rei Arthur tem sido alvo de amplo debate ao longo dos séculos, levando historiadores a questionarem a validade de sua existência. No entanto, os resultados desse debate permanecem inconclusivos.
Com base em um número limitado de documentos históricos e recursos disponíveis, e considerando que os eventos supostamente ocorreram há mais de um milênio, as conclusões de muitos historiadores tendem a ser fortemente influenciadas por suas perspectivas pessoais.
A primeira referência a um lendário líder de guerra britânico é encontrada na única fonte contemporânea sobrevivente do século VI, escrita pelo monge galês Gildas em sua obra “De Excidio et Conquestu Britanniae”. No entanto, é intrigante notar que Gildas não faz menção a um guerreiro chamado Arthur em seu relato.
Contudo, ao descrever a batalha do Monte Badon, na qual os invasores saxões foram derrotados, ele atribui a vitória a um líder britânico. O único comandante que ele menciona nominalmente é Ambrósio Aureliano, um romano-britânico nascido no final do século V, que “ganhou algumas batalhas e perdeu outras”.
Curiosamente, no texto, Ambrósio Aureliano é frequentemente chamado de “Urso” devido à sua túnica militar feita de pele de urso. Essa peculiaridade é interessante porque, quando traduzida para o celta, a palavra “urso” se torna “artos”.
A primeira obra literária a mencionar Arthur pelo nome é um poema galês chamado “Y Gododdin”, que data do período entre os séculos VII e XI. Em uma versão traduzida do poema, faz referência a um guerreiro chamado Gwawrddur, declarando: “Gwawrddur era habilidoso em matar seus inimigos. Mas ele não era Arthur.”
Embora haja escassas evidências, essa referência sugere a existência de um guerreiro notável chamado Arthur, que representava o padrão-ouro dos guerreiros da época. Alguns historiadores argumentam que a lenda de Arthur pode ter sido construída a partir das façanhas de várias pessoas diferentes, mas aqui, pelo menos, podemos identificar um guerreiro histórico que poderia ter servido de inspiração para a lenda.
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Uma obra literária que alega ser a primeira menção do nome de Artur é o “Annales Cambriae”, ou os “Anais da Páscoa”, um conjunto de manuscritos galeses. A primeira entrada do manuscrito afirma: “Batalha de Badon, na qual Arthur carregou a cruz de nosso Senhor Jesus Cristo nos ombros por três dias e três noites, e os britânicos foram vencedores”. No entanto, muitos historiadores rejeitam essa afirmação, argumentando que os “Anais” foram compilados a partir de diversas fontes e escritos nos séculos XII e XIII.
Outra obra de um monge galês intitulada “Historia Brittonum”, ou “História dos Bretões”, foi escrita no início do século IX e descreve os detalhes de 12 batalhas em que Artur supostamente participou ao longo de sua vida. O livro retrata Arthur mais como um comandante militar do que como um rei e afirma: “O magnânimo Arthur, com todos os reis e força militar da Grã-Bretanha, lutou contra os saxões”. O escriba continua: “ele foi escolhido doze vezes como seu comandante e com a mesma frequência foi vitorioso”.
Além disso, Arthur é chamado de “dux bellorum”, ou comandante militar, sugerindo claramente que ele era visto mais como um líder militar do que como um governante. No entanto, o principal problema deste livro é que os locais mencionados, em alguns casos, não correspondem aos nomes dos locais que existem atualmente, como o Rio Gleni, o Rio Duglas na região de Linius e o Rio Bassas.
Além disso, o relato afirma que Arthur não apenas sobreviveu a essas 12 batalhas, mas também alega que “novecentos e quarenta caíram apenas por sua mão” na batalha do Monte Badon. Esse relato parece mais uma obra de ficção do que um fato histórico.
A representação mais conhecida da lenda arturiana provém de um livro escrito pelo famoso Geoffrey de Monmouth, um clérigo celta da Idade Média, intitulado “Historia Regum Britanniae”, ou “A História dos Reis da Grã-Bretanha”. Nesta obra, Geoffrey descreve grande parte da lenda arturiana que conhecemos na era moderna. Além de Arthur, outros personagens importantes são apresentados, como Lancelot, Merlin e Guinevere.
Também descreve o famoso castelo e fortaleza do rei, Camelot, e atribui outras vitórias em batalha a este suposto rei. No entanto, a história original de Geoffrey difere um pouco da lenda moderna. Enquanto o Arthur conhecido hoje empunha a espada Excalibur e governa Camelot, o Arthur de Geoffrey governava de Caerleon e empunhava a espada Caliburnus.
Essa história é amplamente considerada pelos historiadores como uma mistura de elementos históricos e fictícios, criada a partir de uma variedade de fontes, incluindo literatura latina e celta, tornando difícil distinguir o fato da ficção.
A questão de se Arthur foi uma pessoa real continua a ser objeto de debate. Com evidências limitadas e teorias divergentes entre os historiadores, parece improvável que alguma vez conheceremos a resposta com certeza.
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