Trocar refrigerante por café aumenta a expectativa de vida de diabéticos

Uma nova pesquisa, recentemente publicada no BMJ (British Medical Journal), trouxe à tona informações preocupantes sobre o consumo de bebidas açucaradas por pessoas com diabetes tipo 2. Os resultados apontam para um aumento no risco de mortalidade, incluindo doenças cardiovasculares, entre aqueles que consomem esse tipo de bebida.

O estudo revelou que aqueles que têm o hábito de beber mais bebidas açucaradas como refrigerantes, enfrentam um aumento de 20% no risco de mortalidade. Essa descoberta não é uma surpresa para especialistas como o Dr. Keith Hopkins, da Strive Health, com sede no Colorado nos EUA. Segundo ele, esse cenário já é conhecido há um tempo e os resultados do estudo apenas reforçam essa compreensão.

“À medida que continuamos a investigar, fica claro que as bebidas açucaradas, em geral, podem encurtar nosso tempo de vida”, afirma o Dr. Hopkins. “Embora esse seja um conhecimento que já está em nossos corações e mentes, estamos adicionando mais dados e evidências para compartilhar com nossos pacientes.”

Essa pesquisa nos alerta para a importância de fazer escolhas saudáveis, especialmente para pessoas com diabetes tipo 2, a fim de promover uma vida mais longa e plena.

Entenda o estudo

Este estudo valioso teve como base duas iniciativas de longo prazo: o Nurses’ Health Study e o Health Professionals Follow-up Study, que estiveram em andamento desde a década de 1980 até 2018. O escopo dessa pesquisa sobre diabetes tipo 2 englobou um grupo de 15.486 indivíduos com a condição, sendo que 73,6% deles eram mulheres.

Ao longo de uma média de 18,5 anos de acompanhamento, os dados foram atualizados por meio de questionários realizados a cada dois a quatro anos. O estudo revelou que, para cada porção diária de bebida adoçada com açúcar, o risco de mortalidade por todas as causas aumentou, em média, 8% entre os participantes.

Além disso, ficou evidente que o nível de risco de mortalidade variava de acordo com a bebida que era substituída pela opção açucarada. Substituir uma bebida doce por café resultou em uma redução de 26% no risco de mortalidade, enquanto o consumo de chá esteve associado a uma redução de 21%. Optar por água pura representou uma redução de 23% no risco de mortalidade, e o leite desnatado apresentou uma redução de 12%.

A Dra. Ana Maria Kausel, endocrinologista da clínica de telemedicina Anzara Health, observa que esse estudo revela o impacto dos açúcares ocultos nas bebidas sobre a saúde.

“Geralmente, as pessoas focam mais na comida do que nas calorias provenientes das bebidas. No entanto, eu sempre aconselho a pensar nas calorias líquidas, pois elas também podem influenciar significativamente a saúde”, afirma Kausel.

O Dr. Keith Hopkins comenta que esse estudo ilustra como o diabetes pode ter implicações na saúde global e na mortalidade.

“É como se o corpo humano caminhasse à beira de um precipício. Sem diabetes, você está a uma distância segura desse limite”, explica Hopkins. “Mas se você é diabético, está muito mais próximo dessa beirada, e qualquer coisa que você faça – fumar, exercitar-se inadequadamente, comer de maneira imprópria – pode te empurrar para mais perto do abismo. Portanto, esse estudo ressalta a necessidade de cuidado especial com pacientes diabéticos.”

Num editorial relacionado, Nita G Forouhi, PhD, professora e líder do programa na Unidade de Epidemiologia do Conselho de Pesquisa Médica da Escola de Medicina Clínica da Universidade de Cambridge, enfatiza que “a escolha da bebida é evidentemente importante”.

“Forouhi acrescenta que, embora as evidências sejam menos claras para bebidas adoçadas artificialmente e sucos de frutas, é razoável mudar o foco para bebidas que têm maior probabilidade de ter impactos positivos na saúde: café, chá, água pura e leite desnatado”, declarou. “Uma mensagem significativa é que o diabetes não precisa ser uma restrição extrema, já que as descobertas deste novo estudo com esse grupo de pacientes são consistentes com pesquisas anteriores na população em geral.”

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O melhor das bebidas “saudáveis”

Apesar de o estudo ter constatado uma redução na taxa de mortalidade por todas as causas e no risco cardiovascular quando os participantes optaram por bebidas adoçadas artificialmente, como refrigerantes de baixa caloria, em vez das opções açucaradas, também foi observado um decréscimo quando as pessoas trocaram as bebidas adoçadas artificialmente por café, chá ou água.

A Dra. Kausel caracteriza as estratégias de marketing das empresas de bebidas como “infinitas”. Um aspecto crucial a ser considerado é que as bebidas que frequentemente contêm níveis elevados de açúcar, como sucos em caixinha, muitas vezes são vistas como opções mais saudáveis, mas que na verdade são tão vilões quanto refrigerantes com açúcar.