Muitas pessoas não sabem ou não se lembram que a primeira transmissão colorida na TV brasileira aconteceu em 19 de fevereiro de 1972. Detalhe, ninguém tinha TV a cores na época. A transmissão foi mais para testes das emissoras.
A Rede Globo fez a primeira transmissão de um programa a cores pela TV brasileira. Com imagens da TV Difusora de Porto Alegre, a Globo transmitiu a Festa da Uva de Caxias do Sul (RS) com narração de Cid Moreira, famoso jornalista e locutor. Em 31 de março daquele ano, o novo padrão de transmissão em cores, chamado PAL-M, foi oficializado. O advento das cores elevou a televisão a um outro patamar, dando mais emoção ao telespectador.
As emissoras de TV de todo o país começaram a exibir filmes e séries coloridas. No entanto, novelas e programas ainda eram em preto e branco. Porém, tudo mudou quando em 1973, a Globo exibiu a primeira novela a cores do país.
Estamos falando de “O Bem-Amado”, trama de Dias Gomes, que criticava com humor o regime militar então vigente no país.
De acordo com o site Memória Globo, naquela época tudo era novo naquele momento, portanto, as dificuldades encontradas pela equipe de “O Bem-Amado” foram enormes. Até que houvesse adaptação aos equipamentos e à nova linguagem, as cenas precisaram ser repetidas várias vezes.
Mas quem já tinha um aparelho de TV colorido pode ver uma uma explosão de luz e cores. Os óculos dos personagens causavam reflexo, e até as pernas brancas da atriz Ida Gomes saturavam no vídeo, precisando ser maquiadas. O investimento para ter cores foi alto, o que distanciou a Globo das outras emissoras.
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Dias Gomes era um autor que não perdia tempo, tudo que era notícia ele dava um jeito colocar na boca de um personagem de suas tramas. No caso da chegada da TV em cores, ele criou uma cena em que os personagens Libório (Arnaldo Weiss), Sabiá (Apolo Correia), Moleza (Antônio Carlos Ganzarolli), Nezinho (Wilson Aguiar) e Pepito (Juan Daniel) assistem a um aparelho de TV colorida e comentam a novidade.
“Mas é uma beleza!”
“O céu fica azulzinho, a grama fica verde.”
“Se eu não estivesse vendo, não acreditava, é espantoso!”
“Parece milagre!”
“Pra mim parece coisa do demônio.”
Os cenários de “O Bem-Amado” alternavam cores fortes com tons mais suaves, assim como os figurinos dos atores.
“O Bem Amado” foi estrelada brilhantemente pelo ator Paulo Gracindo. Ele interpretou Odorico Paraguaçu, um prefeito demagogo e corrupto, que comanda a pequena cidade de Sucupira, no interior baiano. Ele é eleito com o slogan: “Vote em homem sério e ganhe um cemitério”. O problema é que ninguém morre para a tal obra ser inaugurada.
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